Death metal assim à bruta soa bem, para abrir o ano? Se está a cargo dos veteranos Holandeses Asphyx, soa e já se antecipava. São banda de forma invejável e que desfrutaram de um regresso de luxo com “Death… The Brutal Way” em 2009, que antecedeu o clássico moderno “Deathhammer,” que entrou logo para concorrer ao título de magnum opus da banda. E o rasto de destruição deixado por “Necroceros” é semelhante?

Como já sabemos qual é o pedigree da banda, vamos logo verificar se tem riffs no sítio. Se tem. Não é este disco que vai deixar pescoços descansar e ainda bem. Depois da garantia de que há malhas, olhamos aos pormenores e queremos verificar se o casamento entre o death metal cortante e aquele doom cavernoso permanece. Não só permanece, como se acentua, com alguns abrandares de velocidade quase a puxar os Asphyx para território novo. Quase, porque tudo aqui é a banda Holandesa como a queremos. Death metal impiedoso não pode faltar, como logo a abrir em “The Sole Cure Is Death” ou “Botox Implosion” e tão rapida e fluidamente um doom pesado arrasta-nos à bruta para uma gruta escura e húmida, como em “Three Years of Famine,” “The Nameless Elite” ou na faixa-título. Prefira-se uma faceta ou outra, mas tudo junto origina o monstro devidamente medonho que “Necroceros” promete logo ser.

Temos malha atrás de malha, temos ainda aquele balanço de velocidades que os coloca no topo da fusão de death com doom, ao lado dos Autopsy, – e só aí estarão os paralelismos, são duas lendas de sonoridades completamente diferentes – temos aquela aterradora voz de Martin van Drunen a arrastar os temas naquele inimitável e doloroso tom, – a resposta à pergunta “como é que este cinquentão ainda consegue fazer isso?” não estará ainda aqui, fiquem-se pela intriga e admiração – temos brutalidade e um sentido de humor a espreitar de vez em quando como em “Botox Implosion” – sem tirar seriedade e violência ao assunto. Temos mais um grande disco dos Asphyx, já sabemos que a fórmula funciona, cá estaremos para ver o quão bem eles a continuarão a executar. Por aqui, “this is true death metal, you bastards!”