Enquanto se espera por um sucessor de “A Dawn to Fear” de 2019 e se especula se, por acaso, haverá a sorte de assentar a poeira desta loucura no último trimestre deste ano para termos condições de ver esta malta Sueca ao vivo, se ainda soubermos o que é isso, vem “The Raging River” manter-nos entretidos e inaugurar a sua própria editora.

Um EP transitório, uma ponte, porque assim está marcado, porque ainda traz suficiente para nos encher a barriga. Debate-se qual o suposto “tempo limite” de um EP, com “The Raging River” a chegar aos 38 minutos. Por acaso vem de uma banda que não se caracteriza pela sua brevidade, logo nos parâmetros dos Cult of Luna, isto é mesmo um cartãozinho de visita para o que possa vir a seguir. Sem escandalizar, que muitos defenderão que a banda Sueca foi realmente um nome fulcral para a inovação do pós-metal, mas que já faz uns anos e uns discos que não surpreendam assim muito. Se “The Raging River” é para nos deixar espreitar por trás da cortina para vermos o que poderá vir, “Three Bridges” e “What I Leave Behind” explodem naquele doom catártico em crescendo que já conhecemos perfeitamente e sabemos logo identificar como Cult of Luna.

Por aí, “The Raging River” não parece apresentar surpresas, mesmo que nos satisfaça e “I Remember” por acaso até tenha dos seus mais grandiosos riffalhões – e eles até nem têm poucos desses. Mas o ambiente mais psicadélico e ritmado de “Wave After Wave” já nos faz levantar um pouco a orelha. E a surpresa estará mesmo naqueles três minutos e vinte de “Inside of a Dream,” que podia ser apenas um interlúdio ambiental a meio do álbum e afinal é um grande tema de folk daquele mais escurinho, ali soterrado num ambiente mais minimalista, e marcado pela participação do lendário Mark Lanegan na voz. E é aí que os sacanas nos apanham. Caberão mais surpresas no futuro dos Cult of Luna ou continuarão eles capazes de escrever ainda grandes malhas sem mudar a fórmula?