Lana Del Rey

Chemtrails Over the Country Club
2021 | Interscope Records, Polydor | Folk, Americana, Soft rock, Indie pop

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Ou por não convencer de imediato com performances menos bem conseguidas no Saturday Night Live quando se estava a apresentar ao mundo, ou agora mais recentemente, ao ser atacada por afirmações online mal interpretadas. Parece que Lana Del Rey anda sempre com alguma controvérsia por perto, quase a ofuscar o respeito que conquistou num meio musical sobrelotado, onde se soube estabelecer e marcar diferença.

Chemtrails Over the Country Club” continua a abordagem mais pessoal e intimista de Lana, cansada da fama e opondo-se a muitas das extravagâncias do alter ego mais promíscuo de há quase uma década atrás. Difícil apontar se é verdadeiramente o seu álbum mais introspectivo, com esse nível a manter-se ultimamente, mas apontará para aí. Lana glorifica as suas companhias e amizades, – a capa não é só um ajuntamento para nos provocar nestes tempos que correm – mas deixa-se também afundar na sua própria solidão, melancolia e nostalgia, com muitas homenagens às suas referências. Brinca aos namedrops de Joni Mitchell, Joan Baez ou Stevie Nicks e fala dos tempos em que ouvia The White Stripes e Kings of Leon. Faz tudo parte do íntimo de Lana, muito do que aqui está podiam ser entradas no diário da miúda de 19 anos de que fala em “White Dress” ou da cantora madura receosa com a própria fama e nostálgica dos tempos de inocência.

Musicalmente, é um seguidor natural de “Norman Fucking Rockwell!,” mantendo a abordagem mais despida e encostada na folk, americana, country e numa suavidade adulta contemporânea que realmente nos faz ouvir com atenção. É impossível ficar indiferente à forma como canta em “White Dress,” traz uns beats de trip hop numa “Dark But Just a Game” mais cheeky, como se pudesse estar no “Born to Die,” para quem tiver saudades, “Yosemite” é folk da soberba e, para quem ainda não tenha ousadia suficiente para atirar o nome “Joni Mitchell” para comparação, acompanha-se por Zella Day e Weyes Blood para uma exímia cover de “For Free.” Destaques entre um respeitável leque de canções, que a menina já á crescida e sempre teve um ouvido apurado para as melodias. É território familiar de Lana Del Rey, mas em expansão e “Chemtrails Over the Country Club” pode funcionar como uma irmã mais nova, cautelosa, pesarosa e, como é palavra muito atirada por aí como definição, vulnerável de “Norman Fucking Rockwell!” Cumpre e impressiona novamente, portanto.

Músicas em destaque:

White Dress, Dark But Just a Game, Breaking Up Slowly

És capaz de gostar também de:

Joni Mitchell, Weyes Blood, Cat Power


sobre o autor

Christopher Monteiro

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