The Offspring

Let the Bad Times Roll
2021 | Concord Records | Punk rock, Pop punk

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Muitos anos entre o novo “Let the Bad Times Roll” e o antecessor “Days Go By,” contando já nove. Mas todo esse tempo coloca as coisas numa outra perspectiva: o tempo que já passou desde os grandes êxitos dos The Offspring, que os colocou na rotação pesada da música rock, que acompanhou os alegres anos juvenis de muito adulto já feito de hoje em dia e que ajudou a dar toda uma outra roupagem festiva ao punk. Muito tempo e o campo artístico é dos mais perigosos onde se ter uma crise de meia-idade. A expectativa para esta novidade pode ser alta, mas cautelosa.

Somos trazidos ao presente logo de início, dada a imediatez com que começa, mal entra a voz. Levamos uma chapada de realidade: Dexter Holland já tem 55 anos e não consegue cantar da mesma forma e por vezes até se torna difícil reconhecer aqui o mesmo que cantou “Come Out and Play” e, dado o tom grave a que ficou limitado, nem dá para o imaginar a conseguir ainda cantar o refrão de uma “She’s Got Issues,” sendo as suas rápidas exclamações em “Hassan Chop” o que mais nos aproxima do seu passado. Podia ser desconcertante para todo o disco, se não fosse tão fácil encontrar aquele ADN de Offspring por todo o breve trabalho. A faixa-título deve ser a coisa mais Offspring desde o “Conspiracy of One,” e faixas como “This Is Not Utopia” ou “Breaking These Bones” têm punk suficiente para nos assegurar que, mesmo que altere muita coisa, a idade não os faz amolecer.

Já “Coming for You” lembra mais algo que os Green Day fizessem recentemente e o ska alegre de “We Never Have Sex Anymore” adapta o seu habitual humor às suas idades, que isto de ter cinquentões a continuar com um humor colegial intacto acabaria por se tornar triste. Para mais mistura de ocorrências num breve disco de regresso, a seriedade e o sentimento entram na regravação baladeira de “Gone Away,” clássico tema pré-Americana. Ainda com algum filler – o que estão exactamente ali a fazer a adaptação de “In the Hall of the Mountain King” e “Lullaby”? – mas chegamos ao fim deste “Let the Bad Times Roll” sem aquela amargura que muitos regressos forçados têm, mesmo reconhecendo que os melhores anos destes Californianos já lá vão. Até porque não foi forçado, é disco a ser trabalhado há quanto tempo esperamos por ele e que atravessou imensas dificuldades. E tal também parece conseguir ouvir-se. Mas a principal característica dos Offspring, que é a diversão, está cá na mesma e com alguns temas mais fortes que muitas das suas propostas nas anteriores duas décadas. E surpreendentemente variado. Hey, that’s something everyone can enjoy!

Músicas em destaque:

This Is Not Utopia, Let the Bad Times Roll, We Never Have Sex Anymore

És capaz de gostar também de:

Rancid, Bowling for Soup, No Use for a Name


sobre o autor

Christopher Monteiro

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