Take Back

Empire of Dust
2021 | Independente | Hardcore punk

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Aquela corda muito frágil, complicadíssima de se caminhar às vezes, a de manter as coisas simples sem ser genéricas. De fazer o tão apelativo “less is more” sem ficar só mesmo… “Less is less.” Muito está na atitude, ouve-se e sente-se quando ela está realmente a ser empregue. Se a atitude for de chutar o raio da corda dali para fora ao estouro, talvez até já se justifique este floreio introdutório todo só para dizer que “Empire of Dust,” estreia dos Sanjoanenses Take Back vale bem a pena.

Mantendo as coisas simples, em menos de meia hora em que exploram o prometido casamento entre o clássico e o moderno que o hardcore mais “tough” tem a oferecer. Para deixar tudo de pantanas de forma tão directa e imediata que o mais próximo de cinismo que consigamos aplicar aí seja o nem acharmos necessário que tenha uma “Intro” sequer. Com uma estreia de uma banda jovem de hardcore, é normal que se tema aquele “pintar por números” do género, mas uma bassline como a de “World Destroyers,” com mais peso do que muitos dos breakdowns da praxe, já nos reconforta. Sem tempos mortos e já à caça da sua identidade, homenageando tudo o que seja referência, desde aquele sangue nova-iorquino da faixa-título àquela vibe muito nacional – sem precisar de recorrer ao final de “All Alone” que, realmente, não deixa enganar ninguém – na sua veia mais thrasheira, que pode muito bem ter sido adquirida por contágio conterrâneo, dada a catadupa que a cena Sanjoanense e arredores já tem vindo a ser, encabeçada pelos Revolution Within.

Há amadurecimento, funcionando como o aperfeiçoamento lógico da demo auto-intitulada que o antecedeu; há a tal simplicidade bem aplicada que faz isto resultar, sem querer inventar rodas ou o que seja; claro que há malhas e momentos a aumentar ainda mais a ansiedade pelo regresso dos palcos e dos pandemónios em frente aos mesmos, e se o comentário em relação aos breakdowns mais genéricos e cansativos que abundam no género foi algo depreciativo, descansem que há aqui muitos em melhor forma, como o de “N.M/N.R” que já levanta poeira, mesmo se ouvirmos o disco, sossegados, no quarto. E ainda há a parte emocional quando podemos ouvir Dice, dos Steal Your Crown, na faixa-título, a resultar como uma surpreendente e emotiva despedida. Estreia promissora e com imenso espaço para crescer, e se o hardcore com este músculo já teve mais força nos seus arredores, a banda adopta um nome adequadíssimo.

Músicas em destaque:

World Destroyers, N.M/N.R, Empire of Dust

És capaz de gostar também de:

For the Glory, Steal Your Crown, Grankapo


sobre o autor

Christopher Monteiro

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