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Primeiro, para começar, o elefante na sala. Aquele “já chega.” Estamos todos cansados. Deixem acabar a novela com os Sepultura e Cavalera, já todos souberam avançar tão bem. Os Sepultura, diferentes quanto estejam, estão numa das suas fases mais criativas e ambiciosas e Max Cavalera continua um irrequieto sempre com vontade de fazer barulho num projecto novo. Há tanta coisa boa para desfrutarmos mas ainda têm que existir os fãs chorões e os jornaleiros sem ideias a fazer-lhes sempre as mesmas perguntas. Esqueçam lá as reuniões, se um dia fizerem todos uma jantarada e quiserem tocar umas malhas, fixe, se não, sobrevivemos. É da maneira que vão saindo daí umas coisas como estes novos Go Ahead and Die.
Agora com essa cólera toda despejada no parágrafo de introdução, era quando as coisas ficavam mais calmas. Mas com este disco não é bem assim, porque não é por essa praia que anda, nem perto. Atentem ao nome, à capa, aos títulos das músicas, aos tais músicos intervenientes e limpem lá o sangue do nariz depois da murraça que é logo “Truckload Full of Bodies.” É álbum para a castanhada e um dos muito bons nisso. Mesmo sabendo que Max Cavalera, que tanto contribuiu para criar de berço e educar toda a música extrema, sabe bem o que é isso e não perde a pica com a idade, isto depois de já ter experimentado de tudo um pouco, e de já ter piscado imenso o olho ao nu metal, – outro que ele também já carregou ao colo – esta estreia homónima dos Go Ahead and Die será dos seus mais intensos, pesados, raivosos e extremos em muito tempo. Sem descreditar qualquer trabalho que tenha lançado nos últimos anos. E sim, há aqui muito dos Sepultura de antigamente, mas nem é só disso que se faz, nem sequer é o ingrediente que tenha das maiores porções aqui.
E esta violência toda afinal até é fruto de algo tão belo como a relação e colaboração entre pai e filho, a dividir gritadeira e instrumentação. Não estivesse o Max ainda com tanta genica e tínhamos aqui um digno passar de tocha. Tudo em “Go Ahead and Die” é old school e sentem-se todas as influências mais velhas que o próprio Igor, tratadas com uma mestria como se fosse mesmo algum disco da época perdido. É aquele thrash encharcado de punk, o crossover de raíz, uma rapidez desalmada de língua afiada. É um mergulho naquilo que de mais extremo podia disparar a partir daqui, pendendo às vezes para o death metal ou para um protogrind clássico. É aquele crust punk venenoso, como o de “Worth Less Than Piss,” faixa mais breve do álbum mas que se calhar é das que deixa mossa mais funda. É uma abertura a um tipo de música extrema mais Europeia, com muito de Tom G. Warrior. É um exercício de defesa contra arrastos brutais como o de “Roadkill.” Simplificando, deve ser mesmo a loucura mais pesadona que o Max faz em anos, com toda a simplicidade que este género requer, mas também com a devida inteligência: fazer-se acompanhar pela própria família, para ter a certeza do que sai daqui. Dois Cavaleras pesam mais do que um, já assim era com os Sepultura!
Truckload Full of Bodies, Worth Less Than Piss, Roadkill
Cavalera Conspiracy, S.O.D., Nuclear Assault