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Até a podridão e o desagradável nos pode trazer conforto. Estamos a falar de música extrema, onde não haverá melhor sensação e que nos traga mais paz do que uma coisa bem feinha e porca, a blasfemar por todo o lado. E não falta disso, mas é bom haver aqueles nomes a quem sabemos que podemos recorrer. Aqueles veteranos que quase lançam um álbum por ano, e até conseguem ter períodos assim, que em vez de nos fazerem revirar os olhos porque já cá estão outra vez com mais do mesmo, fazem-nos esfregar as mãos de prazer e antecipação porque vem aí coisa da boa. Que sim, até pode mesmo ser mais do mesmo.
Não falha aí esse grande nome de referência nacional – e pecado, aqui num mau sentido, limitá-los apenas ao nível nacional – do black metal que são os Decayed. Está aí mais um disco. “Old Ghosts and Primeval Demons,” o tal “mais do mesmo” que na verdade é apenas infalível e nova prova rasgante e venenosa de que são um nome de referência do passado do black metal, com o que de lá trazem para os dias de hoje, mas também do presente, com lições de peso, relevância e impacto para muita banda de “bedroom black metal” que tente ditar as regras por si, ou por outros que tentem inventar demais. Cortante de início ao fim, com quantas referências da primeira vaga do black metal, ou das Norueguesas, ou do mais maléfico thrash, possam inserir naquilo que já tem o seu cunho pessoal. E desengane-se quem pensa que só porque o som já está estabelecido, é assim que o queremos, e até nem há assim muito a dizer, que isto está em piloto automático, porque tudo ainda é cuidado e será um dos seus álbuns mais atmosféricos no seu longo repertório, recorrendo a outros elementos ambientais e com uma interlúdica faixa-título capaz de nos trocar as voltas.
Os Decayed são dos que encabeçam o berço do black metal lusitano, ao lado dos Fili Nigrantium Infernalium, cujas proficuidades e assiduidades não podiam ser mais díspares – lá os outros putos, os Morbid God, diz que já andam por outras praias – logo têm absolutamente nada a provar. Mas tocam como quem ainda quer conquistar o respeito e ainda não se encostou ao seu estatuto de veteranos de três décadas de carreira e não perde qualquer garra em cada riff, blastbeat ou cuspideira de versos difamadores. Para acentuar ainda mais esse tal respeito, é termos em conta as ocupações de J.A., a quantidade de projectos diferentes e com quantos já editou este ano. E mesmo assim consegue ser uma máquina de criar malhas para todo um “Old Ghosts and Primeval Demons” competente em deixar-nos a casa toda de pantanas e os crucifixos todos da vizinhança virados de pernas para o ar. Que tenha dado mais ao panorama musical nacional, do que tenha recebido, cada abanar de cabeça que damos ao longo deste disco – e nem são poucos – são de agradecimento. E que voltem daí esses concertos, que queremos ir agradecer pessoalmente!
Dead Choir Hails (The Birth), Cold and Dark, Manitou
Alastor, Hoth, Satanize