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Temos sempre estranhos hábitos nestes pequenos textos, formas de falar e classificar as coisas que se calhar nunca as aplicamos no dia-a-dia, no nosso consumo quotidiano de música. Como dividir actos por divisões como se das ligas de futebol se tratasse. E entrando por aí, realmente parece que nunca deu para subir os Dinamarqueses Artillery da segunda divisão do thrash metal. Se, com os três primeiros grandes álbuns, será por injustiça e subvalorização, com os Artillery pós-segunda reunião já será mesmo por não apresentarem nada que o justifique e por já andarem a parecer querer mudar de modalidade – para a segunda liga do power metal?
Seguindo acontecimentos trágicos como a morte de um dos irmãos Stützer, guitarrista e peça central da formação da banda que também já teve inúmeras mudanças de elenco, se calhar muitos esperariam e talvez até preferissem que pendurassem as botas e deixassem o legado. Apresentarem o décimo álbum com um título tão imaginativo como “X” se calhar também não era grande presságio. Na verdade, avançando logo para o apanhado final… Até é o melhor disco que lançam em anos, talvez o melhor desde os clássicos, o melhor que já gravaram com outro vocalista que não Flemming Rönsdorf. Não é obra de trazer novos ares e uma renovada apresentação dos Artillery para uma nova geração e dar-lhes outra relevância, mas o mais satisfatório para os fãs que queriam algo disto há bastante tempo, especialmente como seguimento a “The Face of Fear,” álbum no qual praticamente se renderam totalmente aos tiques do power metal e quase viraram os Dream Evil.
Se o que mais ordena no thrash metal de categoria é o riff, “X” tem-no com fartura. É o que manda, é o que puxa e é o que segura. Uma fúria aguçada de quem possa ter utilizado os recentes acontecimentos trágicos para reflectir e, em tom de homenagem, rasgar como nos tempos antigos. “X” é uma chamada nostálgica ao “By Inheritance” mas sem recriações a meio gás, foi mesmo a energia que foram buscar lá atrás para que o disco tivesse aquele veneno do thrash dos 80s de início ao fim, sem medo de um breakdown maldoso como o de “Silver Cross.” Contudo, foram buscar muita coisa ao passado mas não o vocalista Flemming, a voz ainda está a cargo de Michael Dahl, que anda a vociferar os álbuns mais voltados para o heavy/power da última década. Logo a voz ainda levará para campos mais épicos e agudos do power metal. Se o problema for hábito, então também se consegue depressa, com um sentido apurado para a melodia – que sempre tiveram – a lembrar uns velhos Anthrax ou alguma banda de heavy inspirado por Iron Maiden mas com mais pelo na benta – como na baladeira “The Ghost of Me.” Se não dá mesmo para descolar o rótulo “power” de cima do “thrash” sem lhe deixar aqueles vestígios chatos, então dá para abraçá-lo como tal e compará-lo a um bom disco dos Helstar. Que Dahl seja um acquired taste, nada a fazer, mas isto é o mais furioso e pesado que os Artillery soam em anos. “In Thrash We Trust,” dizem eles. Parece que, nas mãos deles, nós também já confiamos novamente!
In Thrash We Trust, Silver Cross, In Your Mind
Anthrax, Onslaught, Dark Angel