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Foi mais curta e já doeu menos, esta espera por um novo longa-duração dos Carcass. Mas ainda foram uns oito aninhos que esperamos, mesmo que com mais segurança do que quando esperámos por “Surgical Steel,” que por muito tempo não tivemos qualquer indicação de que ele pudesse sequer um dia vir a acontecer. Baixa a pressão do novo “Torn Arteries.” Já não tem que ser aquele regresso tremendo que “Surgical Steel” realmente foi. Parte do ponto onde esse antecessor ficou – servindo-se de uns EPs que lá nos vão enganando bem o estômago.
Não só pega no que “Surgical Steel” deixou como parece repetir o percurso da banda Britânica antes dele, antes do hiato. Se o disco de regresso recuperou muita brutalidade já abdicada em “Swansong,” em “Torn Arteries,” os elementos melódicos da música dos Carcass voltam a chegar-se à frente. Olhamos para os títulos das músicas e até os conseguimos ler todos com facilidade! Até dá para memorizar a maior parte deles! Com isso, a tal prevalência de um melodeath e todas as referências cardíacas do título e da capa… Estamos perante um novo “Heartwork”? Um sucessor moderno dele, pelo menos. Que Jeff Walker até comece a questionar a sua própria responsabilidade pelo nu metal já é um esticão grande, mas é certo que os Carcass já comprovaram há muito tempo o seu talento nato para a música extrema com melodia. Além de que não fazia qualquer sentido estar aqui a recriar um “Reek of Putrefaction” ou até mesmo um “Necroticism,” admitindo que este último é um enorme clássico e um dos melhores álbuns de death metal de sempre.
A aparente “limpeza” que se possa parecer sentir à primeira impressão, acaba por ser varrida por riffs thrasheiros cheios de atitude e aquela voz cortante de Walker, sem qualquer indício de que se tenham encostado a qualquer coisa para fazer um disco automático. Pesca muito do “Heartwork,” até mesmo do “Necroticism,” com algumas progressões de riffs mais técnicos ou longas viagens mais atribuladas como a longa e intimidante “Flesh Ripping Sonic Torment Limited,” e não ignora o mais controverso – na verdade subvalorizado – “Swansong.” Se ainda têm aquela cowbell da “Keep on Rotting in the Free World” a ecoar na cabeça, preparem-se para bater palmas na “In God We Trust!” Sólido à primeira audição, com muito a crescer a cada nova, supera aquela praxe de “álbum que recria aquela era” e acaba por se estabelecer como a sua própria. Aquela em que os Carcass sabiam perfeitamente quem eram e deram-nos malhas da sua marca inconfundível. A era em que já não tinham a pressão do regresso e permitiram a si mesmos um espaço para se divertirem. E divertir-nos a nós.
Torn Arteries, Eleanor Rigor Mortis, The Scythe’s Remorseless Swing
Napalm Death, Exhumed, God Dethroned