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Black metal, década de 90, Noruega. São as palavras-chave que andam sempre juntas. Se olharmos além da limitação temporal e quisermos trazer o black metal para o presente milénio, também há uma deslocação e vamos para a América do Norte, uma se calhar improvável catadupa de black metal atmosférico e com proximidade e adoração à natureza. Bem ali no Norte dos Estados Unidos, no estado de Washington, onde reina o briol, nasceu um dos maiores e principais expoentes desse black metal: os Wolves in the Throne Room que, com quase vinte anos de carreira completos e “Primordial Arcana” a ser já o sétimo longa-duração, têm lá ainda coisa alguma a provar.
Sempre capazes de fazer os seus discos diferir, vindos de uma trilogia inicial de black metal ambiental, capazes de despir a parte extrema para o estritamente ambiental e radical “Celestite,” e servindo-se do folk para também recuperar uma agressividade que até nem tinham antes, em “Thrice Woven.” “Primordial Arcana” mantém o mesmo fio condutor e sublinha a forma como os Wolves in the Throne Room lideram – ou co-lideram, se não deixarmos de lado a igual influência dos vizinhos estatais Agalloch – este gélido black metal montanhoso e florestal. Tanto ou mais orgânicos como sempre, com a natureza à sua volta – literalmente num estúdio ali no meio do matagal – a deixar inspirar tudo o que se ouve, do mais extremo, ao pacífico ambiental. Minimizam qualquer artimanha que lhes pudesse “purificar” o som, num mau sentido, para um resultado cru, honesto e tão belo quanto as paisagens que invoca. E não confundir isso com arranjar, propositadamente, do pior material, para soar horrível só porque é extremamente trve. Façam-se as devidas distinções.
“Primordial Arcana” é mais um álbum onde a mística se mantém intocável, mesmo que se sinta diferente daquela dos antigos discos. Nova ênfase é dada à folk – “Spirit of Lightning” – e outros elementos sinfónicos subtis e até mesmo a outros usos de sintetizadores ambientais se recorre – não se admirem se virem por aí o termo “dungeon synth” atribuído a algumas das passagens deste disco, e “Underworld Aurora” ou a página final que é “Eostre” retirarão quaisquer dúvidas em relação a isso. A agressividade norueguesa também não se perde – e pode tomar-se “Through Eternal Fields” como exemplo de tema sem grandes rodeios – e sai mais um disco de se desfrutar com atenção, de descobrir coisas novas por entre a densa floresta a cada audição. O Inverno chegou mais cedo.
Mountain Magick, Spirit of Lightning, Masters of Rain and Storm
Agalloch, Winterfylleth, Nachtmystium