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O synthpop está vivo e de boa saúde. E nem é preciso ir aos 80s de propósito buscá-lo. Claro que vamos lá sempre e ainda é onde existe o melhor, mas já há outras boas propostas para alternar. Os Chvrches por exemplo, que até têm sido infalíveis. Mesmo com a sua entrega ao pop mais moderno e simplista de “Love Is Dead” a desagradar alguns fãs, o novo “Screen Violence” vem provar que não se esgotou a fonte de criatividade do colectivo Escocês.
A voz de Lauren Mayberry continua a ser, inevitavelmente, um foco no factor melódico da música dos Chvrches, porque nem só de batidas revivalistas e sintetizadores orelhudos se faz música desta. Carrega a cortante emoção dos temas que, pelo que adiantam, ao terem os seus esqueletos iniciados ainda em tempos confinados, podiam resultar em temas mais mundiais e abrangentes mas acabaram por tornar-se, irremediavelmente, pessoais. Mas estamos cá todos para nos identificarmos, enquanto Lauren canta cada refrão para não nos sair mais da cabeça – e ficar com o protagonismo para si, sem temas vocalizados por Martin Doherty além de uma só passagem – e nos alegrar enquanto nos canta sobre temas tão presentes, tão intemporais.
“Screen Violence” é um disco de asas mais abertas do que “Love Is Dead,” com mais espaço para as canções crescerem e até ganhar mais roupagens e camadas que o pop menos experimental do antecessor. Bem mais encostado à new wave revivalista, com bases mais obscuras no post-punk e até no gótico – alguém chamou o Robert Smith, com essas palavras-chave? Chamaram eles. Para uma brilhante prestação na destacável “How Not to Drown.” Alterna entre a familiaridade de temas que até nos lembram algo que pudesse estar no “The Bones of What You Believe,” como “California,” e algumas facetas novas como a agressividade de “Nightmares” que até nos traz algum peso (!!) que já fez correr por aí um nome tão improvável como The Birthday Massacre como referência não tão descabida. Um disco muito completo e, apesar de se defender por estas bandas que nunca tenham perdido a forma, para muitos pode ser um regresso a ela. Lauren canta, com a alma, sobre as dificuldades de ser mulher na indústria e não só, sobre a tal “violência do ecrã” em qualquer ecrã do nosso dia-a-dia, e todo o tipo de melancolias contemporâneas às quais não dá mesmo para escapar. E até nos sentimos mal por tão largo ser o sorriso com que o recebemos. Mas a mensagem está entregue, a reflexão também está feita, mas pelo meio canta-se e dança-se sempre. A missão está cumprida.
How Not to Drown, Final Girl, Nightmares
Pvris, Purity Ring, The Birthday Massacre