Cradle of Filth

Existence Is Futile
2021 | Nuclear Blast | Metal sinfónico

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Aquele lote de bandas que conquistaram o respeito, com força suficiente para já o perderem aos olhos de muitos. Aquelas bandas que ainda residem nos corações de montões de fãs que ainda os apoiam, mas que de vez em quando ainda têm que levar com um “Ainda gostas disso?” Os Cradle of Filth são dos que andam na primeira divisão desse lote e não é por andarem a brincar, que com “Existence Is Futile” já se contam treze álbuns longa-duração e os sacanas ainda metem uns EPs clássicos lá pelo meio. Acessibilidade, popularidade, teatralidade… É sempre esse tipo de coisas que tramam malta desta indústria.

Dá jeito olhar às várias fases dos Cradle of Filth. Não por necessidade de os apresentar, lá faríamos esse disparate, mas porque ajuda mesmo a localizar este “Existence Is Futile.” Pode dizer-se que a banda no seu mais amplo, e mais como a conhecemos hoje, será ali a partir do “Midian” e daí para a frente, há muita reacção mista. E aqui para estes lados defende-se o imenso valor de uns discos mais menosprezados como “Nymphetamine” ou “Thornography,” onde estão no seu mais acessível, melódico e de ventos erótico-gógós todos em popa. Mas algo que não lhes fica mal e são álbuns repletos de malhas memoráveis. O que há de errado nuns Cradle of Filth mais melódicos e memoráveis? Nada e são bem-vindos neste “Existence Is Futile,” em momentos, do seu mais directo em anos. Foi ali a partir do “Godspeed on the Devil’s Thunder” que a coisa começou a descambar mais e a deixar afogar-se pelos excessos sinfónicos. Dos quais se têm vindo a despir mais e “Existence Is Futile” tem uma dieta mais controladinha. E o que há de errado nuns Cradle of Filth mais pesados e menos sobreproduzidos? Acho que contra essa, ninguém tem algo a apontar!

E o que há de errado com uns Cradle of Filth mais arockalhados? Se calhar até é do que cai melhor agora, e deixa-nos com aquela satisfação de que não há propriamente algo de errado a apontar a “Existence Is Futile,” mesmo sabendo que não deve ficar como um clássico ou aproximar-se daqueles petardos influentes da sua década de 90. É dos mais fáceis de gostar nos últimos tempos e, em discos recentes, até se andavam a portar muito bem. Claro que ainda estão cá os tiques todos, têm que estar. A sinfonia ainda é a jorros, mas com mais precisão e propósito; Dani Filth continua a uivar e a guinchar independentemente da fase da lua – um declínio da sua voz já foi factor a temer, mas foi falso alarme – e se não tivéssemos aqui duetos com voz feminina vampiresca, até saíamos daqui amuados. Porque a familiaridade ainda é boa, especialmente no caso dos Cradle of Filth, que já criaram a sua identidade tão típica. É sempre dentro disto que queremos, mas com força, menos gordura, mais malhas a agarrar. Porque o título até é giro, mas a existência do bando de Dani Filth é que não é nada fútil.

Músicas em destaque:

Necromantic Fantasies, Crawling King Chaos, Discourse Between a Man and His Soul

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Dimmu Borgir, Hecate Enthroned, Carach Angren


sobre o autor

Christopher Monteiro

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