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Já não há qualquer necessidade de apresentação dos Dream Theater, com tão longa carreira e uma discografia que chega agora aos quinze álbuns. Já se estabeleceram, já transcenderam além das barreiras da música pesada, já andam na superfície, já foram gozados também. Toca a todos. Todo o virtuosismo, técnica e complexidade que se encontra em “A View from the Top of the World” a este ponto já não impressionará alguém. Não existe aqui alguma coisa que não tenha sido ouvida nos anteriores, logo pode adoptar-se um despretensiosismo – palavra que fará rir muitos dos seus detractores, quando associada a eles – no novo disco, desde que cumpra com o que se espera.
Fáceis de serem acusados de excessos, já no “Distance Over Time” parecia haver ali uns Dream Theater mais directos, sem abdicar de qualquer característica sua. Nem era faceta que lhes assentava mal, especialmente com a menor facilidade em outros álbuns recentes de se tornarem memoráveis. E por acaso, para estes lados, ainda não se digeriu aquele colosso de ambição inconsumível que foi “The Astonishing.” Quem gostar mesmo disso, podem dar-se contentes com a faixa-título ter ali uns senhores vinte minutos de virtuosismo à qual, realmente, não há pecado a apontar. Mas se procuramos malhas por entre toda a técnica, felizmente encontram-se ao longo de todo o disco.
Muitos destes temas podem ser comparados, em tom elogioso, ao imaginário do “Systematic Chaos,” álbum que bem administrou o balanço entre o exibicionismo e as malhas mais acessíveis, como um bom cartão de visita para a superfície. Felizmente há riffs além dos solos fantásticos e nunca dispensarão uma boa “cacofonia” de sintetizadores – “The Alien” entra logo a matar. Louva-se a parte melódica de uma “Invisible Monster,” as delícias dos devaneios instrumentais de “Sleeping Giant” e o tributo ao progressivo que os influenciou, detectável em “Transcending Time,” que podia ser alguma composição dos Yes e que até explora também a rendição do prog aos estádios numa década de 80 mais difícil, às mãos de bandas como os Saga. Junte-se-lhe aquele “acquired taste” que é a voz de LaBrie e estamos naquele caótico território familiar de música complexa que também nos dá permissão para abanarmos a cabeça. É mais do mesmo, com os Dream Theater do costume, mas a poder ser dito com satisfação em vez de aborrecimento. Por vezes basta isso para se fazer uma boa separação e distinção, para aprovarmos este “A View from the Top of the World” completamente conscientes de que não é um novo clássico, nem um dos seus mais impressionantes discos.
The Alien, Sleeping Giant, A View from the Top of the World
Ayreon, Symphony X, Evergrey