Aeon Zen

Transversal
2021 | Layered Reality Productions | Metal progressivo

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Pode até nem dar para apontar exactamente para um certo período com aquela força do metal progressivo, mas dá para considerar que, mesmo com mutações e abordagens mais modernas, os últimos anos não serão a ter em conta como fonte de muita música progressiva pesada nova. E depois há o caso curioso dos Aeon Zen, fundados em 2008 e já com seis álbuns, com um estatuto ali entre um culto de respeito e a total discrição. A ser descobertos por muitos agora com “Transversal,” nem de propósito, álbum final do colectivo Inglês. Um “tarde piaste” para prog nerds que gostam de estar sempre um passo à frente.

Um álbum diferente, uma proposta que agradará quem realmente não seguir por música de fácil consumo. “Transversal” é um álbum anti-playlist, um que força a deixar de lado os hábitos modernos de “tocar aquela” e deixar andar. Na verdade, “Transversal” é uma só canção de trinta minutos que se divide em dez faixas. Que flui rapidamente. Sim, os cortes entre faixas são abruptos porque trata-se mesmo de um só tema, onde cabem todas as habituais extravagâncias da música virtuosa dos Aeon Zen. Seria o perfeito cartão de visita, não se tornasse doloroso saber que, à partida, não é para haver mais. O próprio conceito é de apresentação da banda, em tom de retrospectiva, apontando-se mesmo a forma circular da capa como simbolismo de um “círculo fechado” representante da banda. Já sem conceitos sci-fi ou com longos interlúdios de spoken word ou diálogos – se quisermos aproveitar aqui este espacinho para apontar potenciais defeitos a outros discos anteriores. Conceito simples: o percurso da banda até este celebratório final.

Têm de tudo que se pudesse esperar desta banda e de outros com o mesmo doutoramento, viajando um pouco por toda a parte no espectro do progressivo mais moderno, com suficiente tributo à sua forma clássica, mas pouco mais que isso. Bem assente no djent e nos seus riffs graves, musculados e técnicos, também vinca bem a parte melódica e uma atmosfera espacial que deixa abrir mais os temas – aliás, o tema – a mais devaneios mirabolantes de virtuosismo e estruturas menos convencionais. De tudo que se pode encontrar ao longo dos trabalhos anteriores dos Aeon Zen, tudo devidamente compilado num longo tema de trinta minutos que vem para dizer “Isto são os Aeon Zen.” Ou foram. Se não tiveram mais sucesso e notoriedade antes, não é através de “Transversal” que está decifrado o código – mesmo que se encontrem realmente muitos fãs de prog a descobri-los agora – e também não é agora ao fim que se vão conter nos excessos e tornar-se mais agradáveis a quem não digerir disto. Aquele acquired taste cheio de apaixonados, que nem se importarão com a pouca distinção a fazer entre esta banda… E muitas outras.

Músicas em destaque:

Se não é para dividir e separar, não o vamos fazer nós.

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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