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Redigir isto é coisa sempre vulnerável a imensos clichés, especialmente no que diz respeito a expressões e onde empregá-las. Podíamos vir para aqui dizer que “Bloodmoon: I” é “aquela colaboração que nem sabiam que queriam e precisavam” mas nem vamos por aí. Vamos mesmo afirmar que todos até sabíamos, algures lá no fundo, o quanto precisávamos de uma colaboração entre os Converge e a Chelsea Wolfe. E isso antes de já terem trabalhado juntos ao vivo. Reconheçamos o buraco que estava ali algures na nossa enegrecida alma e que veio ser preenchido por esta tão harmoniosa e cuidada barulheira.
Recordemos as colaborações que já tiveram em palco, com mais músicos lendários, num projecto que chamaram “Blood Moon” e agora dissipemos também, deixando este disco ganhar a sua própria vida como um álbum a valer na discografia de ambos – apesar que, admitamos, é mais dos Converge e com a Chelsea a servir de convidada do que uma colaboração propriamente 50/50. Podia ser uma fusão das duas entidades mas… De quais das suas facetas? Quando se tratam de músicos tão inventivos e criativos, que já percorreram tantas sonoridades diferentes, nem saberíamos o que se iria fundir. Porque não criar um monstro novo? Chelsea Wolfe e os Converge conseguem arrancar de si mais força criativa para um disco de difícil descrição mas onde conseguimos detectar facilmente as identidades. Sem negar que segue do ponto onde ficou “The Dusk in Us” dos Converge, com algum do peso mais lamacento que já tenham editado.
“Viscera of Men” ou “Tongues Playing Dead” são basqueiros que podiam estar em qualquer disco somente assinado pelos Converge e um tema como “Coil” também podia ser apenas um mero “featuring” de Wolfe num tema dos Converge em algum álbum antecessor. Quando é que a fusão, já boa, se desvia da colagem? Olhando para quando parece, cada um, absorver características do outro. Como o empréstimo do factor melódico para uma “Failure Forever,” com uma impressionante voz limpa de Jacob Bannon, a fazer lembrar algo de Mastodon. Ou quando se faz o inverso e é o caos que orienta e Chelsea que segue, como na noise-rockada de “Lord of Liars.” Os talentos ambientais de ambos originam uma assombrosa balada como “Scorpion’s Sting” a lembrar o imaginário que desfrutamos recentemente com King Woman. “Daimon” também funde o melhor dos dois numa doomalhada arrastada que sugere um universo onde os Electric Wizard também não negariam uma boa dose de cafeína além dos seus hábitos herbanários, e a fusão volta a brilhar na arrepiante “Crimson Stone” na qual a voz de Wolfe segura um suave véu que levanta e desvenda o caos dos Converge por baixo. Uma maravilha de disco com uma primeira metade forte e uma segunda soberba; fica uma experiência de lacrimejar, salivar, abanar a cabeça, contemplar, estranhar. E toda esta descrição da praxe mal chega à ponta de um icebergue. Fica também o gosto e prazer por ver aquele “I” no título, a sugerir a potencial chegada de um “II”…
Scorpion’s Sting, Daimon, Crimson Stone
O currículo geral de ambas as partes, incluindo outras colaborações.