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Pronto, já desistimos de qualquer menção a saudosismo ou nostalgia que seja, quando normalmente se fala dos dinossauros, as bandas clássicas que vêm dar um ar da sua graça. Que muitas vezes podem ser regressos esporádicos. Já perdemos a ideia de fazer o semelhante com os Deep Purple, que andam aí a editar como se ninguém lhes tivesse dito ainda que já têm mais de cinquenta anos de carreira e nada a provar. Também vamos evitar o disparate de que “este pode ser o último” e vamos antes aceitar a ideia de que se calhar já estão a trabalhar noutro.
“Whoosh!” ainda não tem sequer um ano e meio, mas parece que estes cidadãos do grupo de risco, quando deparados com uma complicação global, em vez de resmungarem e disparatar nas redes sociais, desatam a fazer música. Felizmente. Também não está ao alcance de todos. Também não se deixaram levar pela loucura ou se viraram para o crime. Lançaram um álbum de covers, pronto, e chamaram-lhe “Turning to Crime.” Para animar a quadra natalícia a quem gostar de um velho rock & roll. Velho mesmo, que o que está aqui é de raiz. Porque claro que, para brincar às covers, os Deep Purple não vão recriar coisas modernas – por muito interessante e perigosa que fosse a gimmick – e vão voltar-se para as suas próprias raízes. Há Fleetwood Mac, Bob Dylan, Yardbirds, Bob Seger, Cream e até uma medley maioritariamente instrumental, no meio de muito mais. Está a festa montada.
Todos têm o tratamento Deep Purple, mas leve. Os próprios é que se deixam levar mais pelas influências e soam bem mais roots rock que o seu habitual, ainda mais rendidos aos blues que marcaram sempre presença em toda a sua longa carreira. “Rockin’ Pneumonia and the Boogie Woogie Flu,” por exemplo, soa muito fiel à sua original, apenas na voz de Ian Gillan. E há muito piano clássico além de sintetizadores – os solos de “Jenny Take a Ride!” e “Let the Good Times Roll” por exemplo, são fantásticos – porque podemos já não ter Jon Lord, infelizmente, mas continua a ser um álbum de Deep Purple. É uma descrição simples mas rigorosa do que se passa em “Turning to Crime,” uma homenagem celebratória. Um disco em que os seus músicos, independentemente da avançada idade, estão a divertir-se à brava e fazem algo suficiente para nos divertir também. E é de louvar tal feito. Até podem nem estar num pico criativo – aqui nem sequer há canções originais! – mas não dá para ignorar como ainda conseguem uma performance de tão alto nível. Especialmente com os tais mais de cinquenta anos de carreira que foram, desnecessariamente, recordados umas linhas acima. Dá para desfrutar… Até o próximo, que se calhar não demora assim tanto, já podemos dizer isso, não é?
Rockin’ Pneumonia & the Boogie Woogie Flu, Jenny Take a Ride!, Caught in the Act
É ver a lista de faixas e ver a quem pertencem as canções.