Emigrate

The Persistence of Memory
2021 | Sony Music Entertainment | Rock/metal industrial

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Não parece haver muita atenção prestada a estes Emigrate, projecto a solo de Richard Kruspe. O projecto mais extravagante e provocador do seu colega de banda já fez voltar mais cabeças, nem que fosse em confusão e pasmo, mas aqui o guitarrista e uma das figuras centrais dos Rammstein já brinca a solo há bem mais tempo, há tempo suficiente para “The Persistence of Memory” ser o quarto álbum e compilar uma data de ideias que se tenham perdido por aí desde antes da edição da estreia de 2007.

Se recolhe obras e feitos ao longo de duas décadas, é de esperar uma mixórdia de sonoridades e modas? Nem por isso, há muita coesão num álbum cujas diferenças entre temas não se podem considerar temporais e mantém tudo muito breve. Podia ser apenas um EP bónus para uma reedição dos antecessores, como supostamente Kruspe planeava? Também não, há mérito a dar a um disco que se mantenha curto mas preciso e descomprometido, com as influências e currículos reconhecíveis para nos atrair, mas que se emancipem o suficiente delas para que também não nos afastem logo a seguir. Não são as sobras de uns Rammstein aguados, é um disco divertido e mais um bom exercício criativo de Kruspe.

Se realmente um tema como “Freeze My Mind” já data de 2001 como se diz, assumimos que Kruspe trabalhasse ou tivesse acabado de trabalhar num disco de luxo como “Mutter,” o que até coloca as expectativas lá encima. E é uma boa cantiga que se consegue destacar pelo meio de forte concorrência. Tome-se como exemplo a hipnotizante cover de “Always on My Mind,” tema para o qual não deu a voz principal mas não foi buscá-la longe, convidou mesmo o velho amigo Till, a contribuir ainda mais para a magia do tema. Há canções como “Come Over,” “You Can’t Run Away” ou “Blood Stained Wedding” que provam o quão essenciais e indispensáveis são os Depeche Mode para qualquer coisa. Lerão aqui e em muitos mais sítios que “Hypothetical” é uma versão gogó industrial da “Kashmir” e até há uma atmosfera Bond-esca em “I Will Let You Go.” Portanto ainda se passam algumas coisas num álbum que, sem se habilitar a ser das coisas mais memoráveis, mantém-se breve e sem espaço para grandes fillers. Substitui ou mata a sede na espera de um novo trabalho dos Rammstein? Claro que não, nem sequer tem as loucuras mais desenfreadas do projecto Lindemann do seu irmão de banda. Mas mantém-nos entretidos por umas quantas rotações.

Músicas em destaque:

Always on My Mind, Freeze My Mind, I Will Let You Go

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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