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Os esquisitos entre os thrasheiros. Que isso faça torcer os narizes daquele que só quer aquele thrash veloz, pontapé para a frente e abanar a cabeça, na verdade é um elogio para os Voivod, que já se colocaram bem a jeito para isso nos seus já quase quarenta anos de carreira e quinze discos. “Synchro Anarchy” chega numa altura em que até já sabemos o que esperar dos Canadianos, mas a sua inconvencionalidade não deixa de nos surpreender.
Há muita bagagem, mas também se pode dizer que os Voivod estejam ainda a desfrutar de um brutal renascimento. Já passaram pelas fases todas, desde o encontrar da identidade, ao difícil luto do fundador Piggy, a uma fase mais a meio-gás, sacudiram o que pudesse começar a pesar em “Target Earth” e podem ter definido já aí a sua obra-prima deste século. Se quisessem ficar por aí e não lhe dar o devido seguimento, que já pasmou muitos em “The Wake,” estavam já mais do que redimidos. Repetindo alinhamento, coisa rara, tendo já dificuldade em substituir o guitarrista Piggy e passando por vários baixistas como um tal Jason Newsted, que diz que é capaz de ter alguma bandita conhecida ou outra no currículo, têm mais esse factor a seu favor: consistência. Parece que ouvimos o conforto destes Voivod em estarem à vontade para “abusarem” mais um pouquinho nas fórmulas esquizofrénicas das suas canções. E de trazer tanto da esquisitice de “Dimension Hatröss” e “Nothingface” numa delícia de retrospectiva.
As estruturas cerebrais do seu thrash desafiante mantêm-se e chegam mesmo a fazer frente às maiores loucuras dos seus dois antecessores. É que mal nos deixa abanar devidamente a cabeça ao riff mais thrasheiro que realmente há em “Holographic Thinking,” a um malhão imediato como a faixa-título ou na catarse de “Quest for Nothing” sem nos trocar as voltas. É que conforta e deixa perceber que, onde esteja ele a curtir isto, Piggy pode estar orgulhoso pela sua guitarra estar tão bem entregue a Chewy. O mesmo se diz do baixo de Rocky, protagonista em imensos temas, como uma “Planet Eaters” de pasmar, a mais apunkalhada “Sleeves Off,” na qual é esse o instrumento que nos faz abanar a cabeça, ou em “The World Today,” o que nos “acorda” de imediato. Mais uma prova de que são influentes não conformados. Num género que se crê tão limitado como o thrash, tem este tratamento: os Dark Angel encarregaram-se de tornar o género uma fonte de prog cerebral e épico e os Voivod tomaram as rédeas de fazer semelhante, mas no tal lado esquisito, e ainda ninguém o faz com a mesma mestria. Porque até uns meninos talentosos e aclamados como os Vektor devem muito ou tudo a esta malta.
Synchro Anarchy, Planet Eaters, Quest for Nothing
Atheist, Martyr, Vektor