Tears for Fears

The Tipping Point
2021 | Concord Records | Pop rock, New wave, Art pop

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Isto é motivo para celebração. E nem é só por ser um regresso aos discos já quase dezoito anos depois, a sua maior fenda discográfica, já com “Everybody Loves a Happy Ending” a ser um grande regresso e uma enorme reunião da genial dupla. Até a fenda entre esse e o clássico “The Seeds of Love” foi menor. Já isso seria suficiente e este “The Tipping Point” até podia ser dispensável, não fosse pelos Tears for Fears serem banda que obriguem aqui a deixar cuidados e relatividades de lado: foram a banda que escreveu as melhores canções pop da década de 80. Assim mesmo, sem rodeios.

E se até já nos podíamos ter conformado com o tal final feliz que foi o antecessor de 2004, que já tinha uma solidez que não lhe esperaríamos, a dupla de Roland Orzabal e Curt Smith traz novas mágoas. A recente viuvez de Orzabal e o clima em que o mundo tem vivido nestes últimos anos parecia pedir novos hinos da banda que fez um mundo dançar com uma canção tão melancólica como “Mad World.” A sua marca de pop sofisticada, de letras profundas e ambição despretensiosa mantém-se intocável. Como autores de clássicos que envelheceram com a classe e mestria que mereciam, souberam como adaptar essa identidade única aos tempos modernos. Sem soar a nostalgia gratuita e sem a deprimência de um acto “washed up” a fazer tudo para soar actual.

Com a mesma naturalidade com que assinaram um álbum de estreia de luxo – e a variedade e heterogeneidade deste “The Tipping Point” pode ser comparável à desse “The Hurting” – oferecem-nos mais um conjunto de canções que nos lembram porque eram realmente songwriters de topo no seu tempo. Não bastava o quão rendidos estávamos à fantástica já conhecida faixa-título, o resto não lhe fica atrás. A reconfortante entrada “No Small Thing” lembra-nos a química desta dupla que visita, tanto variadas fases da carreira dos Tears for Fears, como mostra como eles não pararam no tempo. Quando deixam o seu som e produção modernizar-se, saem canções pop verdadeiramente modernas como “My Demons” ou “End of Night,” que podia ser algum tributo de muito bom gosto a bandas como Klaxons ou MGMT. A mais cínica “Master Plan” será o que mais lembrará a vertente mais recente do “Happy Ending,” e a melancolia de “Long, Long, Long Time” e “Rivers of Mercy” podem remontar ao “The Seeds of Love.” “Break the Man” traz aquela luz a disfarçar a escuridão da sua temática, como tanto faziam na sua estreia e a faixa-título aponta para as mesmas estrelas que outros grandes temas de “Songs from the Big Chair.” Não se esquecem do poder de um grande refrão e do seu talento para o fazer, vozes a envelhecer com graciosidade – em Orzabal mal se nota – e um renovado sentido de missão de quem já editou dos melhores discos de sempre, no que à música acessível diga respeito. Está aqui o melhor desde “The Seeds of Love” e o direito de ainda fazerem uma coisa destas, conquistaram-no.

Músicas em destaque:

The Tipping Point, My Demons, Rivers of Mercy

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Depeche Mode, Duran Duran, New Order


sobre o autor

Christopher Monteiro

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