RAMP

Insidiously
2021 | Rastilho Records | Heavy/thrash/groove metal

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Turbulento este regresso aos discos de uma das maiores instituições da música pesada em Portugal. Já podem brincar com o facto do seu primeiro longa-duração estar agora a celebrar os seus trinta anos numa carreira que não terá sido das mais profícuas, mas que deixou a sua marca. “Insidiously” pode ser só o sexto disco, mas os RAMP sabem como vestir o fardo daqueles que não têm ainda alguma coisa a provar.

Mas sabem olhar para os tempos, para a cena que os rodeia, para aquilo que eles próprios influenciaram e analisar de que forma também se podem deixar influenciar por elas. “Thoughts” é um marco do thrash clássico e “Insidiously” é um disparo modernaço. E sabemos bem que é assinado pela mesma banda. E não vamos fazer de conta que não se sentia a falta. Já lá iam onze longos anos desde “Visions” e o panorama, o mundo à nossa volta, pedia mais RAMP. Aguçava-se a curiosidade em relação à direcção que tomariam num novo registo, sabendo bem o quão irrequietos são com o seu próprio estilo. E então com as duras notícias de uma baixa de peso da formação original do grupo do Seixal, queríamos mesmo fortes sinais de vida da banda.

E “Insidiously” não é só mais um disco competente, um agrupamento de novas malhas para levar para a estrada e para os palcos, agora que já recuperámos essa parte fulcral das nossas vidas. “Insidiously” é um argumento. Um forte argumento do estatuto dos RAMP. São eles porta-estandartes de trazer o thrash clássico e remoldá-lo e são precursores do thrash moderno, musculado e cheio de groove. E este disco funciona como um perfeito ponto de encontro entre as duas vertentes estilísticas e temporais. Enquanto a voz de Rui Duarte não estiver gasta, saberá bem alternar entre a berraria mais agressiva e gutural e um cantar melódico, sem pender para os açúcares em excesso de bandas modernas. Mas até servem de exemplo para quem realmente dominar um campo mais moderno e juvenil da música pesada: o refrão da faixa-título não deve propriamente alguma coisa a algum dos Trivium, “A Million Places Faces” pode ser a malha que os In Flames andam a tentar fazer há muito tempo e “Lost” despe-se de medos e preconceitos e mostra que se pode ser baladeiro sem destoar da passada mais violenta do resto do disco, sempre ali com um riffaço no sítio. Como foi dito no parágrafo introdutório, não têm ainda alguma coisa a provar, mas não lançam discos facilitistas por isso. Ainda há muita vida nestes RAMP, que nos deixam bem curiosos e atentos aos passos seguintes. Sempre ao seu próprio ritmo.

Músicas em destaque:

Insidiously, A Million Places Faces, Flesh of God

És capaz de gostar também de:

Testament, Machine Head, Prayers of Sanity


sobre o autor

Christopher Monteiro

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