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Já se pôde chamar de tudo a Steven Wilson. Pretensioso, maniento, egotista, desagradável, sobrevalorizado, iluso. Só elogios. E se quiserem ser mesmo ruins, até lhe podem chamar génio. Agora também se pode acrescentar a esse campo lexical o de matreiro, manhoso, astuto até. Que nos manteve enganados, já quase sem contar que os Porcupine Tree voltassem a ser e a acontecer. Ali por entre todas as simpatias trocadas, com o próprio Wilson a afirmar não ter em vista uma reunião da banda e, se fosse, seria uma coisa passageira e um projecto paralelo à sua carreira principal a solo, e a banda a tornar público o seu desagrado em sentir-se renegada… Os gajos andavam, secretamente, a preparar este “Closure/Continuation.”
Pronto, fossem todos os enganos como este e nem conseguimos estar chateados muito tempo. Uma longa confecção, a deste disco, que nem sabemos muito bem onde colocar a expectativa. Falamos de uma banda que criou algumas das mais importantes obras progressivas deste século, que terá introduzido tal a algumas novas gerações e que se pode gabar de ter editado três discos como “In Absentia,” “Deadwing” e “Fear of a Blank Planet” seguidos. Um sentido de inovação colocou-os à frente de alguns colegas, logo também não há uma certeza imediata se se quer muitas novidades em “Closure/Continuation,” especialmente vendo para onde divaga a criatividade de Wilson a solo ultimamente, afastando-se do rock e do metal, e aproximando-se da electrónica. Temos que verificar. O baixo de “Harridan” entra e até nos faz lembrar Tool, mas isso pode ser da sugestão e de já termos desenvolvido uns certos reflexos a regressos após muitos anos. Tudo o que se segue é puro Porcupine Tree. E afinal é aí que estamos. Na familiaridade. E confirma-se que era isso que queríamos.
Há curiosidades nas longas gravações deste álbum, como já revelaram existir em “Harridan” um só verso que utiliza dois takes vocais com uma década de diferença entre eles. Mas esses pormenores só lidos, porque nada se detecta num álbum tão suave e fluido e tão Porcupine Tree como este. O peso nos riffs sugere que Wilson não se divorciou totalmente da música pesada e encontrou na velha banda o veículo certo para debitar as suas ideias que ainda existam nesse campo, num álbum que até acaba por ser o mais colaborativo entre todos da banda. Inegavelmente prog, com os tiques Pink Floyd todos do costume, volta a brincar com a linha entre o rock e o metal, com um riff em “Rats Return” que não desagradaria a um fã de Dream Theater e uma introdução em “Dignity” que remonta à década de 70. Com a melancolia aqui mais contida, têm um exercício ao pescoço na pesada “Herd Culling” e afinal lá vem um experimentalismo electrónico em “Walk the Plank.” O resultado final deste primeiro disco em treze anos soa a algo que, afinal, podia ter sido editado uns três anos depois de “The Incident.” Sente-se mesmo o sabor a regresso e o bilhete de identidade dos Porcupine Tree está bastante presente na música, para que a capa não precise de ser menos enigmática que o que é. Lá está, como sempre foi.
Harridan, Rats Return, Herd Culling
Blackfield, Storm Corrosion, Riverside