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Tanto medo temos nós da nossa mortalidade, quando andam aí alguns a rir-se dela. Como o eterno Prince of Darkness que nos tem a ponderar se cada novo disco já será o seu último, com uma saúde a não lhe permitir mais. Ainda nem tínhamos acabado de formular essa pergunta em relação a “Ordinary Man” quando saiu e já nos chegavam as notícias de um sucessor. Não demorou a nascer, “Patient Number 9” vem demasiado fresco para as circunstâncias que insistimos em atribuir ao lendário músico.
Se ainda não nos convencemos que ele é imortal e nunca morrerá, é precisamente isso que ele nos exclama no refrão de “Immortal” quando já estamos a desfrutar de um álbum de alguém sem alguma coisa a provar e que só vem trazer malhas da sua marca própria. Claro que Ozzy tem que manter essa postura e até reconhecer o seu próprio legado intocável, mas continua também ele a olhar para a sua própria mortalidade. Fê-lo, com Elton John, na faixa-título do anterior disco e volta a fazê-lo na emocional “God Only Knows.” Já tocámos nos dois extremos do disco, onde Ozzy encarna um pouco as suas duas facetas, a do rockstar intocável e a do homem sensível. E o que há pelo meio, entre esses momentos? Alguma gordura, sim, questiona-se a hora completa de duração. Mas também um grande disco que reforça o quanto Ozzy é realmente quem manda nisto tudo.
Muito de “Patient Number 9” é de celebração também. Basta ver o elenco de luxo em vez de uma banda fixa: Ozzy reuniu amigos ali. As guitarras ficaram a cargo de nomes familiares como o habitual Zakk Wylde, Jeff Beck, Dave Navarro, Josh Homme, Mike McCready, duas grandes participações de Tony Iommi – é, parece que se conhecem! – e até Eric Clapton. O baixo passou por mãos famosíssimas como as de Rob Trujillo, Duff McKagan ou Chris Chaney e a bateria ficou maioritariamente entregue a Chad Smith, mas ainda temos o comovente prazer de ouvir Taylor Hawkins em “Parasite” e “God Only Knows.” Podia ser só umas malhas para divertir e até estar aqui uma mixórdia de estilos, mas há ali um ponto de encontro em que se sabe que o foco é em Ozzy, mesmo que se revisite todo o seu percurso e até as suas influências: a faixa-título é do Ozzy mais épico desde o “No More Tears;” Clapton faz sentir bem a sua presença em “One of Those Days,” que não deixa de ser muito “Ozzmosis;” a presença de Iommi em “Degradation Rules” até pode nem proporcionar a canção mais Black Sabbath, mas em “No Escape from Now” sim e bastante; “A Thousand Shades,” com Jeff Beck, remonta a uma velhinha “All the Young Dudes,” que o próprio Ozzy também já cantou. Mais um óptimo disco que contradiz as confirmadas superstições do próprio Ozzy: o número 13 voltou a não lhe dar azar. E, a este ponto, e com esta genica, já estivemos mais longe de acreditar noutros treze por vir!
Patient Number 9, Immortal, No Escape from Now
Ozzy mais moderno, Ozzy mais melancólico dos 90s, Ozzy clássico