//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
É bom ter os Dead Cross de volta e saber que não foram projecto de um só disco. Também é bom desfrutarmos de algo que também pode ter servido de veículo para descarga do seu tresloucado vocalista, o sempre ocupadíssimo Mike Patton, que tem vindo a abrir-se e até a preocupar muito em relação à fragilidade da sua saúde mental e do guitarrista Michael Crain, diagnosticado com um cancro. Mas que “II” seja um bom instrumento. Estamos todos juntos, vamos lá partir tudo?
À primeira audição, não deixam enganar muito. Pegam no preciso ponto onde ficaram, é fácil assemelhar este novo álbum ao seu surpreendente antecessor. Para o qual demos todo o tipo de vénias por ser semelhante descarga frenética de hardcore e metal, vinda de uma data de cinquentões experientes, mas ali a estrear-se como conjunto. Claro que também não podia ser da música hardcore mais banal e, com os seus membros, não conseguiu conter as excentricidades e tornou-se uma obra única. Tudo volta em “II” mas agora com mais experiência como conjunto. Performances no pico e ainda se dá aquele destaque ao doido do Patton, que podia vir de calduço pronto, para nos lembrar que já não vai para novo para conseguir toda aquela gritaria desalmada, mas em vez disso já nos está a tentar furar tímpanos com os berros da introdutória “Love Without Love” e até saca de um guincho demoníaco em “Nightclub Canary,” a parecer saído do “Six Litanies for Heliogabalus” do excêntrico John Zorn.
Da mesma forma que a estreia disparava para vários sítios e experimentava com diferentes velocidades e atmosferas, não para uma mixórdia, mas para nos tornar o agite mais caótico e imprevisível, “II” experimenta com mais estranhezas sonoras, brincadeiras de guitarra além do riff rápido, ruídos alienígenas e fugas para o pós-punk bem mais fáceis que o que deviam ser – falamos de uma banda de hardcore que escolheu Bauhaus para uma cover no disco de estreia – e “Christian Missile Crisis” torna-se um inevitável destaque e alguns ambientes como o presente em “Ants and Dragons” pode assemelhar-se ao de uma “Gag Reflex” da estreia. E convive tão bem com uma chinfrineira como a de “Strong and Wrong,” assim como a estreia tinha uma descontrolada “Grave Slave.” São álbuns semelhantes, sim, mas com vida própria. Por aqui defende-se que têm a mesma solidez, com identidades distintas, e moldam um espectacular e destrutivo trajecto que esta banda ainda pode aumentar. Para muitos, será um aperfeiçoamento do caos do primeiro disco. E justifica-se.
Love Without Love, Christian Missile Crisis, Imposter Syndrome
Gatecreeper, Retox, Fantômas