Sightless Pit

Lockstep Bloodwar
2023 | Thrill Jockey Records | Noise, Hip hop industrial

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O que se deve apontar imediatamente em “Lockstep Bloodwar,” segundo álbum deste medonho projecto a querer tornar-se um destacável monstro dentro do underground mais ruidoso, são as diferenças. Ainda antes da diferença sonora, que ainda é bastante, e com algumas coisas a causar potencial choque. A diferença do elenco. O trio viu-se reduzido a dupla e os Sightless Pit não contaram com Kristin Hayter, que também conhecemos como Lingua Ignota, para a chinfrineira que para aqui vai na mesma.

Tapam esse espaço com uma panóplia de convidados. O inocente que conhece o “Grave of a Dog” e só espera mais camadas de noise pós-industrial se calhar espera que os convidados sejam uns excêntricos do ruído que se vão fazendo conhecer por nomes de projectos como Merzbow, Gnaw Their Tongues ou Pharmakon. É aí que entra a surpresa. Um pouco por todo o underground do hip hop mais e menos experimental e da electrónica é de onde sai este plantel a dar asas à criatividade de Lee Buford dos The Body e Dylan Walker dos Full of Hell. Um medonho hip hop industrial é o que fica aqui, mas sem qualquer ponta de comparação a actos como os Death Grips. Existem canções de hip hop mais convencionais e com as suas devidas batidas, afogadas naquelas espessas águas do noise, power electronics e death industrial.

E a variedade também é surpreendente. Conta-se com óptimas exibições de Midwife, uns muito bem-vindos versos da já finada rapper Gangsta Boo ou de Frukwan – que faz de “Low Orbit” a coisa mais Death Grips daqui, realmente – e até com uma berraria infernal de otay:onii. Se já aí é possível encontrar variadas diferenças, outras faixas procuram mais o ambiente – desde que seja desagradável – a dar naquilo que já foi descrito por aí como “trip hop dos infernos,” o que até soa bastante rigoroso. “Lockstep Bloodwar” é como um monstro, que é a música noise, a escolher vários tipos de hip hop, trip hop, electrónica, slowcore e outros estilos mais convencionais e a apoderar-se deles, a cobri-los, a controlá-los como se de um parasita se tratasse. E o monstro que origina da fusão é assustador. Felizmente. Mesmo assim, um álbum desafiante, pronto a testar até mesmo os ouvidos já bem treinados pelo álbum anterior.

Músicas em destaque:

Calcified Glass, Flower to Tomb, Lockstep Bloodwar

És capaz de gostar também de:

The Body, Puce Mary, Thou


sobre o autor

Christopher Monteiro

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