Peste & Sida

Não Há Pão
2022 | Amazing Records | Punk rock, Ska punk

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Como é que as bandas mais históricas do punk português conseguem voltar ou manter-se no activo hoje em dia? Com um clima político tão calminho e uma sociedade a mostrar evidentes avanços e tão livre de problemas sociais… Para que é que os Peste & Sida têm um disco novo ao fechar de 2022? Se calhar porque até é fácil demais e João San Payo tem esse direito já mais do que adquirido. Queremos ouvir muita coisa da sua voz, porque há sempre positivismo anexado. Parece que realmente “Não Há Pão.” Mas diz que há rock ‘n’ roll e a esse a inflação não lhe pode aumentar o preço!

De uma das mais importantes bandas punk portuguesas, assim como uma das mais livres e eclécticas, – e esta será apenas mais uma das milhares de páginas a fazer-lhes o paralelismo com os The Clash – tinha que vir um disco de língua afiada, crítica com precisão e punk rock, com tanto do seu estado puro como de tantas fusões e braços que consiga ter. Não fossem também eles dos principais precursores do ska punk por nossas terras. Que é o que há mais em “O Típico Zé Tuga,” ou “Prescrição do Dr. Peste & Sida,” apenas uma das facetas presentes em “Não Há Pão.” Tem que haver o lado tradicional que preste tributo a José Afonso em “Só Ouve o Brado da Terra,” há um reggae com ajuda de Freddy Locks na poderosíssima “Equilibrista” e até um “Funky do Desconfinamento,” com “a batida mais groovy do momento.” Sim, grita meia-idade, mas tudo bem, o charme está mesmo aí.

Os temas são os que se esperam de uma banda que não se deixa ficar, mas também não está para activismos bacocos. Como afirmam, se não há pão é porque alguém nos anda a ficar com a farinha toda e são esses que devem ouvir. Esses e “O Típico Zé Tuga,” que pode agradecer a sua inércia celebral aos media – “merdia,” como dizem eles? – que se encontram “Abaixo de Zero,” numa sociedade em que se encontra num “Beco sem Saída.” É muito bom a quebrar as correntes dos líderes e controladores políticos, mas o conspiracionista de olhos esbugalhados não tem aqui muito para si, porque não vai gostar da “Não te Cures.” E ao fim e ao cabo, mais vale que “Mandem Mais Rock’n’Roll,” que ainda é isso que nos interessa mais. Ou seja, San Payo não lhe perdeu o jeito, muito pelo contrário, e sabe como se rodear de músicos para dar vida aos seus Peste & Sida que, afinal, até são necessários. Porque há frustração, sim, mas não tem que deixar de haver boa disposição. E também temos direito a marimbar para algumas coisas e dormir descansados, como dizem estes hábeis equilibristas.

Músicas em destaque:

Não te Cures (Que Não é Preciso), O Típico Zé Tuga, Equilibrista (E Eu Ralado…)

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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