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Não é novidade que os Enslaved nos surpreendam. Já se contam dezasseis álbuns de estúdio na prateleira e continua a ser dificílimo destacar de lá a ovelha negra, aquele tiro ao lado, o fraco do grupo. Quando se quer muito ser cínico – e dá perfeitamente para acreditar que muitos o procurem – até se espera que se comece a apontar cansaço com o tempo. Nada disso em “Heimdal.” Mais um álbum brilhante e acabávamos este texto aqui.
A fazer tão parte de génese do black metal norueguês quanto uns tão diferentes como os Mayhem, podemos destacá-los como aquela banda que mais se distanciou e evoluiu, se tivermos em conta o nosso quase esquecimento de que os Ulver também lá andavam. Acharam que o prog clássico ficava muito bem misturado ali naquela neve nórdica e provaram-nos bem que isso é verdade. Por esta altura, parece que já não há muito mais a fazer, sabemos o quão bem fundem as duas coisas e vem aí uma dose de canções épicas, estruturas complexas e um black metal já praticamente todo diluído em experiências psicadélicas e progressivas. E, com essa mentalidade, partimos bem enganadinhos para “Heimdal,” que ainda tem tantas surpresas guardadas.
Já estamos habituados a ter em conta semântica como sintetizadores, psicadelismo, dissonâncias, atmosfera, vozes limpas e até algumas palavras inventadas como “Pink-Floydismos” em discos dos Enslaved. Talvez não esperássemos que em “Heimdal” desse para utilizar isso tudo, ao mesmo tempo que notamos que também tem os seus maiores throwbacks ao black metal de origem. Ora vão lá ouvir a faixa-título e “Congelia.” E vão além disso, não se limitando nas referências que consigam inserir na sua música característica. A soar como se na concepção do black metal estivessem os King Crimson. Com ambições técnicas de uns Emerson, Lake & Palmer, com referências psicadélicas de raíz, – teclas à The Doors em “Forest Dweller”? – olhares ao progressivo mais presente com uma “Kingdom” que os Mastodon até nem deverão desgostar, e uma supremacia de sintetizadores a sugerir que até já gostam mais dos Deep Purple do que dos Pink Floyd. E tudo isto é Enslaved, a dificultar-nos a tarefa de seleccionar o seu melhor álbum, seja de que era for. Melhor desde o “Axioma Ethica Odini”? Já nem sabemos, mas mais vale contar com mais surpresas para o próximo e não com qualquer afrouxar de ambição e vontade de descobrir.
Behind the Mirror, Forest Dweller, Caravans to the Outer Worlds
Emperor, Solefald, Borknagar