E cá estamos. É possível que não muitos tivessem pedido isto. Aceitamos que, em período pandémico, na necessidade de produzir alguma coisa e de procurar alguma diversão, os lendários Saxon, já com estatuto para ter muito músico graúdo a tomá-los como referência e a prestar-lhes tributo, lá quisessem mostrar as suas “Inspirations.” Competente, mesmo sem ser o seu registo mais memorável, por razões óbvias. E estava tudo bem. Se calhar muitos não contavam que dois anos depois nos trouxessem… “More Inspirations.” Mas é um direito adquirido. Que o disco seja do que menos se mexa da prateleira, há suficientes antes desse a ser revisitados para que justifique o que realmente resume a razão de ser de mais um destes: os Saxon fazem isto porque podem.

É o que nos ajuda a depositar alguma confiança nisto, para que não seja algum “Graveyard Classics” versão heavy tradicional. Sabemos que os Saxon estão aqui apenas a divertir-se mas sabem como criar o seu próprio cunho. E que as canções já seriam boas, à partida, porque uma banda destas não podia ter referências fracas. Então venham de lá canções dos KISS, The Who, Alice Cooper, ZZ Top, Nazareth, Cream e mais uma data de nomes igualmente conhecidos. A ver se passam o teste do “isto parece algo original dos Saxon.” Por vezes. Claro que malhas como “Detroit Rock City” ou “Substitute” já são tão sobejamente conhecidas que nunca se afastarão da sua origem. Mas, no geral, e ainda mais na introdutória “We’ve Gotta Get Out of This Place,” que leva os Animals para um campo de batalha britânico, sente-se aquele NWOBHM executado por veteranos.

Biff Byford é um dos principais agentes dessa distinção, para aproximar cada um dos temas clássicos ao universo Saxon, acabando por se tornar inevitável que alguns temas, bem mais assentes no rock clássico, acabem por puxar mais para si e tornem estes Saxon mais hard rock que o seu habitual. Talvez as composições adaptadas de algo mais obscuro como The Sensational Alex Harvey Band ou de algo bem mais personalizado dos Cream seja o mais próximo de surpresas aqui. Serve para o que é. É bem capaz de repousar na prateleira juntamente com o “Inspirations” mas, felizmente, eles já têm 25 por onde escolher. E um deles chama-se “Carpe Diem,” está muito bom, e foi lançado entre estas duas experiências com versões. Só para lembrar que não há qualquer crise criativa.