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A seca não afecta a colheita do nosso underground. Só o desatento não nota a riqueza e variedade que temos sempre por cá. A olhar para a estreia dos Derrame, notamos quanta vida e sangue na guelra que ainda existe no death metal. Potencial protagonista deste ano, em que também pudemos desfrutar de estreias que demoraram a chegar. Se “Unveiling Pain” teve um parto difícil, também foi violento. Só porque é assim que soa. Como devia.
Se a responsabilidade destes textos é a de descrever o que se ouve para dar realmente a noção do que esperar, então a maneira mais simples seria recorrer a um dicionário mais abstracto e transcrever a definição oficial de death metal. Na vertente “velha-guarda” de preferência. Descreve o já velhinho género bruto e descreve “Unveiling Pain.” Assim simples. Com isso não se implica que os Derrame tocam isto pintado por números. Até porque isto é pintado com negrume e sangue. São um perfeito exemplo de recomendação para quem procura death metal assim como ele surgiu. Com riffs no sítio, potentes e com uma podridão que quase nos permite sentir-lhes o aroma. A cabeça que aguente. Já estamos treinados também. A execução tem a devida intensidade e talvez possamos atribuir algo aos quase dez anos que separam este longa-duração de estreia e o EP “Crawl to Die.” Como se a raiva se acumulasse e começasse a formar uma bolha. Que rebenta com uma facada imediata do primeiro riff que entra, causando uma explosão de sangue e pus. Se é linguagem que não sugere um elogio, não estarão habituados ou prontos para o death metal praticado pelos Derrame.
Se já estão, ninguém sairá defraudado da experiência deste “Unveiling Pain.” Beneficia da sua simplicidade. Caso pareça, à primeira, que falta alguma coisa, – então e a capa cheia de gore? – compensam com o que mais importa, com o núcleo, com a alma. Penada que seja. Essa parte é memorável. Há riffs para levarmos na memória para nos accionarem os pescoços até mesmo depois do disco já estar concluído. Há grandes temas como “Bloodcurse,” “Bloodshed,” “Chaos in Earth” ou “Ruined” para deixar palcos completamente imundos e para derramarmos todas as energias contidas – a pun estava à mão. Se os Derrame não ficarem já como referência presente no underground português mais bruto e rude, a culpa será só nossa.
Bloodshed, Chaos in Earth, Ruined
Monstrosity, Asphyx, Gangrena