Grave Pleasures

Plagueboys
2023 | Secret Trees, Century Media Records | Pós-punk

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Entre várias outras provas de que já não dá para inventar algo novo e o velho é mesmo o mais novo agora, uma das grandes surpresas e alvos de enxurradas de hype na década passada foram os Beastmilk. “Climax” ficou cimentado como clássico alternativo moderno e estava ali algo de muito promissor. Até umas sacudidelas inesperadas transformarem a banda nos Grave Pleasures, que mantiveram a qualidade mas ainda deixaram saudades a muitos.

Plagueboys” é o quarto longa-duração desta encarnação da banda, quinto no geral e aumenta um pouco o leque, mantendo tudo assente no mesmo: o pós-punk da década de 80, o gótico fumarento, a adoração aos Joy Division. Mas com canções que os afastam um pouco da cena mais deathrock que era suprema em “Doomsday Roadburn.” As canções procuram aproximar-se mais da new wave – que tinha várias cores na década de 80, e por vezes a paleta tinha cores bem escuras – ou do pré-gótico dos Bauhaus e, lá tem que se fazer novamente a referência, os Joy Division. Como se a missão dos Grave Pleasures fosse percorrer todo o género a descobrir quantas nuances realmente tem. É criativo e impede a sempre tão temida estagnação.

Mesmo sendo precisamente por se deixar aproximar do lado mais pop da equação que pode causar alguma estranheza aos fãs que prefiram o lado mais negro. Mas aquele songwriting, do tão atribulado e nuclear Kvohst, que fez de “Climax” tão especial, está aqui na mesma. Quer seja para se tornar mais dançável ou não. “Disintegration Girl,” “Heart Like a Slaughterhouse,” “High on Annihilation” ou “Plagueboys” constarão entre as melhores canções dos Grave Pleasures e continuam o hábito de nos fazer verificar que isto foi mesmo lançado em 2023, não na primeira metade da década de 80 e nenhuma destas malhas já tocou nalgum club fumarento com traseiras problemáticas e renegados da sociedade a dançar em estado de hipnose. Está tudo certo e sem pretensiosismos. Com uma primeira metade do disco mais forte, “Plagueboys” ajuda a habituar ao novo nome da banda, sem lamentar que se tenha perdido algo de enorme potencial. Está tudo aqui, só um pouquinho mais animado.

Músicas em destaque:

Disintegration Girl, Heart Like a Slaughterhouse, High on Annihilation

És capaz de gostar também de:

Joy Division, Fields of the Nephilim, Editors


sobre o autor

Christopher Monteiro

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