Lembram-se deles? Oito anos separam “Killing Innocence” do seu antecessor, mas fica a impressão de mais ainda, com um afastamento da ribalta de que desfrutaram mais nas décadas de 90 e 00. Mesmo que uma ribalta moderada, andaram sempre ali no midcard da música pesada, uma proposta interessante vinda da Itália e que foi capaz de moldar a sua sonoridade própria. Datada, como a sua ausência denunciou.

Como muitos, tornaram-se vítimas do seu próprio conforto, assim que atingiram aquele pico de fusão entre black metal sinfónico de acessibilidade que o torna mais próximo do gótico, do que do black metal propriamente dito, e um death metal melódico pujante e por vezes até gingão. A partir daí não foi preciso fazer muito mais, a não ser modernizar um pouco o som e a produção, tornando as coisas mais juvenis e polidas. Arrisca-se a alienar os resistentes que ainda não se tinham aborrecido com a estagnação do talentoso conjunto Italiano. Então faz-se um intervalo de anos para descansar e regressa-se em grande. “Killing Innocence” parte exactamente do ponto onde ficaram e dá seguimento ao percurso discográfico como se não se tivessem passado todos esses anos. E agora cada um faz o que quiser com essa informação.

Porque pode significar que mantêm a forma ou que, nem uma paragem serviu para realmente refrescarem as coisas. Para não parecer só cinismo, começamos pela parte principal: os Graveworm fazem boa música e têm bons discos. Mas escolham um para começar – por aqui por estes lados há um carinho especial pelo “(N)Utopia,” então usemos esse como referência – e já os conhecem todos. “Killing Innocence” quase nem consegue convencer que é necessário. Primeiro sentem-se as faltas: a voz gutural sobrepõe-se bem mais à gritada e os riffs também são mais death do que black, o que torna tudo isto um pouco mais Amon Amarth que outros registos; a parte sinfónica está lá e não se sobrepõe ao resto, o que é bom, mas também não contribui para tantas melodias como já fez antes; e não há a cover da praxe. Então com isso arrumado, atentamos às qualidades: é contido na sua sonoridade over-the-top, retoma muito do songwriting inteligente do “(N)Utopia” e outros da mesma era; consegue ser regularmente pesadão e verão muitos sítios por aí a destacar “Wicked Mind.” Podem juntar-lhes mais um. Uma experiência tão mista que o balanço final é tão Graveworm que se torna satisfatório. Isto sempre foi um pouco assim. E ainda há muito de acolhedor e reconfortante em “Killing Innocence,” como um velho amigo que não víamos há muito tempo.