E chegámos finalmente ao terceiro e último capítulo de “Atum”, esta rock opera dos Smashing Pumpkins que acabou por ser mais difícil de acompanhar que o que devia ter sido. Não se esperaria grande redenção da mediocridade dos dois actos anteriores e ainda bem, porque não há. Mais fusão de rock e electrónica insossa, pouquíssimas canções entusiasmantes e memoráveis. Ainda por cima um filme repetido, esse. Por onde andará a inspiração de Billy Corgan?

Se havia uma tentativa de divisão ao ter uma parte mais electrónica, outra mais rock e esta terceira mais mista – e até um pouco mais ambiental e esotérica – na verdade acaba por soar apenas à mais desfocada e desorientada. Se, em canções como “Sojourner” ou “Intergalactic” tenta ser mais progressiva nas suas variadas passagens, na verdade soam desconectadas. Mais do que canções com construção, apenas parecem perdidas. E juramos que não temos problema com a electrónica em si, já fizeram coisas giras com ela. Mas são as faixas rock as melhores do conjunto. “That Which Animates the Spirit” acorda-nos da anterior e leva-nos, finalmente, a algum lado; a pesadona da “Harmageddon” até soa deslocada aqui no meio; se conseguem superar a repetição nasal da palavra “alone” para constituir um refrão, então “In Lieu of Failure” tem qualquer coisa de 90s agradáveis no seu riff; o refrão de “Spellbinding”, por acaso também uma das mais synthpop, sempre nos permite levar qualquer coisinha na cabeça para cantarolarmos depois. O resto? Dispensável. Palha. Lascas!

O principal pecado desta terceira parte e de todo o “Atum”. Não é que haja algo de propriamente atroz aqui. Mas sim, muito desinteressante e aborrecido. De uma banda que já fez tanto clássico instantâneo. Uma pena que o que se extraia daqui que realmente se aproveite seja tão pouco, e no meio de tanto. Então para acabar, lá teremos que recorrer à tão inevitável parvoíce à volta do nome, que não conseguiria funcionar tão bem na língua portuguesa. Vamos então brincar e analisar a frescura deste atum. Diga-se que, de tudo isto, extrai-se uma posta pequena, ou um patezinho que dá para colocar num pão para matar uma larica rápida, enquanto ainda não se recebeu para reabastecer a despensa com umas boas doses de “Mellon Collie and the Infinite Sadness” ou “Siamese Dream”, que sabem bem melhor e são muito mais saudáveis.