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Cinismos à parte, estamos todos lixados, não estamos? Parece que o planeta já está naquele ponto de já não haver volta a dar e torna-se cada vez mais difícil encontrar alguma esperança onde agarrar. Podíamos estar todos em pânico e, no fundo, até estamos. Tem mesmo que haver alguém suficientemente doido para nos conseguir fazer desfrutar desta distopia apocalíptica contínua e desastre ambiental progressivo. E lá entram os Cattle Decapitation. Que não trazem paninhos quentes, vêm mesmo dizer-nos que estamos, de facto, todos lixados. À bruta. Com algum do melhor grind feito actualmente. “Terrasite” é mais um passo para o abismo da humanidade e também é mais um tremendo álbum da banda de San Diego.
“Terrasite” até pode trazer o que já esperamos dos Cattle Decapitation a esta altura, mas calha que isso até é o autêntico caos. E eles parecem estar cada vez melhores nisso. Abraçando tudo o que os tem distinguido de congéneres além da temática, acentuando tudo. Aproveitam bem a distinção que têm na voz de Travis Ryan e recorrem cada vez mais a um refrão poderoso com a sua voz “limpa,” termo usado aqui com muita leveza por ser o mais próximo que possamos chamar à berraria inimitável e melódica com que Travis nos assombra há uns bons anos. “Terrasitic Adaptation” ou “…and the World Will Go On Without You” até têm refrães que parece que nem têm o direito de serem tão catchy quanto são. Afinal estamos perante um disco de deathgrind, ou não?
Sim e não. Mas apenas no sentido de já irem além de apenas isso. Podem já ter sido, mas não são uma banda genérica de grind. “The Harvest Floor” veio mudar o jogo e a dupla “Monolith of Inhumanity” e “The Anthropocene Extinction” vieram confirmar a identidade dos Cattle Decapitation. Os maltrapilhos que lançaram uma canção chamada “Bring Back the Plague” em 2019 – a culpa é deles! – já têm o seu cunho próprio de grind, com uma roupagem adulta de death metal, com as dosagens certas de groove e de técnico no seu instrumental. Tudo parece carregado em “Terrasite,” a forma como parecem estar mais melódicos ainda sem perder a brutalidade, a forma como o conceito de canção ganha importância, e ainda nos surpreendem com umas pescas ao death mais embebido de black metal ou quando abrandam as coisas e a intensidade é a mesma – tomem a chave com que fecham em “Just Another Body” como exemplo. Evolução pode ser um conceito delicado na temática dos Cattle Decapitation, se tivermos em conta para onde estamos a evoluir. Mas a banda em si evolui bastante. E temos mais um grande disco e é mesmo uma pena que pareça estar para muito breve irmos todos com os porcos. Não só por isso de nos extinguirmos ter o seu quê de chato, é mesmo porque parece que vamos ficar sem saber o quão bons os Cattle Decapitation ainda podem ficar!
Terrasitic Adaptation, We Eat Our Young, Just Another Body
Aborted, Anaal Nathrakh, Dying Fetus