Novo foco na música de peso portuguesa? Se alguns olhos – e ouvidos – já se começavam a voltar para lá, “Fall” vem estabelecer que não se pode atravessar o panorama pesado deste cantinho Europeu sem passar pelos Needle, que já davam cartas em palco e com EPs e singles que abriam cada vez mais o apetite.

“Fall” é o aperfeiçoamento de tudo aquilo que tinham dado a conhecer, por exemplo no EP “Converge,” e a confirmar o seu potencial. A querer dar um passo bem largo do estatuto de banda promissora a estabelecida. Dá para patinar com um salto desses ou dar um mau jeito ao tentar um passo maior que as pernas, mas não há qualquer falta de noção nestes vimaranenses. Nem falta de outra coisa qualquer. Só se for de cena específica onde os inserir. Mas o quinteto beneficia bem disso. Não têm muita concorrência na sua marca de metal progressivo melódico e atmosférico, de voz feminina e convívio entre riffs fortes e passagens ambientais. Mas podem vir a influenciar outros, assim que estes temas realmente se entranhem e a banda se tornar cada vez mais indispensável em palcos pelo país fora.

A entrada de “The Absconder” quase puxa uns palavrões. Nenhum vernáculo desses, palavrões tipo “djent” é o que nos ocorre através do riff. Mas é para desorientar, que não é essa a vestimenta do disco e passagens de “12:14” já são bem mais jazzísticas. “Elude” é a que usa a braçadeira de capitão no que ao prog diz respeito, bebendo ao clássico e a algo que os Opeth também vão fazendo. Um destaque, e antecede “Warden,” a “extrema” do grupo, ao contar com berros de Dan Vesca, dos Sotz’, e que nem se fica por aí ao atordoar-nos com um solo de saxofone. E isto é só a primeira metade. Indica riqueza e não mixórdia. Até porque uma das primeiras coisas que surpreende nos Needle, além da imediata voz e musicalidade, é a coesão de um álbum que realmente podia ter disparado por imensas direcções. Satisfaz ainda mais saber o espaço que há para esta juventude crescer quando tão perto do início já têm uma proposta assim sobre a mesa.