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Como o velho é novo e vice-versa, dá para se celebrar um novo álbum dos The Damned. Estamos a falar de pioneiros, afinal. Ali na génese do punk, com múltiplos títulos de “primeira banda punk a fazer X” e que também foram capazes de surpreendentes mutações. Também se justifica o cepticismo à volta de muita coisa que velhos venham fazer para se adaptar. “Darkadelic” não é o melhor título. A capa muito certamente não é a melhor. E o álbum por acaso também não é o seu melhor, mas com que escala estamos a medir isso?
Queríamos outro “Damned Damned Damned”? O choque charmoso do “Black Album”? Esses aconteceram em 1977 e 1980, respectivamente. Como daria para reproduzir verdadeiramente algo? Não parecem importados em definir se são mais punk outra vez, ou se continuam mais góticos. Agora já misturam isso tudo e acrescentam-lhe muita psicadelia, muito rock de raíz e muita coisa não-moderna porque não é adaptando-se às novidades que eles se vão realmente adaptar ao presente. Abordagem certa e inteligente. “Darkadelic” já praticamente só precisa de se safar, não ter uns velhos a fazer figuras tristes e umas musiquinhas de ficar no ouvido. Ficamos satisfeitos. E “Darkadelic” é dos que cresce a cada audição, felizmente. O que parece, à primeira, uma fórmula incerta, gasta e sem imaginação, na verdade desvenda canções de refrão forte, um bom convívio entre elementos mais clássicos – solo de trompete em “Western Promise” – e alguns mais pesados – o riff de “You’re Gonna Realise” e a punkalhada de “Motorcycle Man.” Voltando ali à afirmação do início, não é o melhor álbum das lendas punk Britânicas, mas é um dos bons.
Com uma curiosa atitude nostálgica anti-nostálgica, – nada aqui soa moderno, mas também, pouquíssimo soa a Damned clássico – coisa mais punk a fazer-se, podiam haver temores em relação a letras que estes reaccionários já sexagenários possam desencantar. Entre os temas há políticos, influencers e, com uma canção a encarar as dificuldades que por vezes existem em separar a arte do artista, utilizando Gary Glitter como exemplo, acabam por ter um inesperado comentário sobre a cultura do cancelamento. Mas felizmente também aí dão a volta por cima, não estão “out of touch.” Um bom disco que podia ter sido feito entre as décadas de 70 e 80 pelos The Damned ou por alguém influenciado por eles. Um “grower” com grandes canções de ficar no ouvido a desvendar-se e dignas de passar nos nossos funerais. Não é um comentário mórbido despropositado, é mesmo o propósito de “Wake the Dead.” Volta a dizer-se que não é o melhor álbum dos Damned. Mas também não era preciso.
You’re Gonna Realise, Beware of the Clown, Leader of the Gang
The Stranglers, Billy Idol, Bauhaus