Queremos black metal, pronto. E se for com menos rodeios possível, melhor ainda. Está muito calor e até ajuda a refrescar deixar entrar uma rajada gelada movida a tremolo. Há muita coisa boa lá fora, sim, do melhor como bem sabemos. Mas não é preciso ir para longe. O black metal está tão bem representado por cá que não nos faltam opções e podemos ir aos fiáveis. Melkor, um músico já incontornável no nosso negrume, com Martelo Negro, The Firstborn e uma catrafada já quase inumerável mais no currículo, também tem o seu Culto Macabro de volta para nos apresentar um “Sagrado Paganismo.”

É black metal para quem não exige reinvenções. Este é como mandam as antigas leis. Melkor dá conta do recado sozinho e consegue tomar conta de tudo para, ao comando de cada instrumento, pintar o seu metal com uma única cor. Claro que faz “Sagrado Paganismo” soar a muita coisa que já conhecemos. Mas vem mesmo para satisfazer essas súplicas de um black metal venenoso. Com a aceleração destravada de “Anjo Maldito” por entre passagens mais midtempo, até mesmo uma lentidão mais fúnebre como a introdutória de “Senhor do Mal.”

Funciona e mantém a uniformidade ao longo da sua inteligentemente contida meia hora. Mas a atmosfera importa. E ajuda a não haver medo de deixar entrar aqueles tenebrosos sintetizadores. Mas como isto é do black metal da velha escola e não dos atmosféricos, nunca fica menos malévolo. A secção do meio da faixa-título é direccionada aos pescoços mais resistentes e a catarse apoteótica que conclui o disco, em “The Fallen Angel” chama aí um apocalipsezinho muito rápido. Afinal fazia falta este adormecido Culto Macabro e não é por Melkor ser um cavalheiro sempre muito ocupado – e há muito projecto do qual nem se dispensava um resgate, que coisas mais experimentais como os Rise of Ophiuchus já se classificam como saudosos – que alguma coisa aqui está apressada. O grande bode fica satisfeito. E nós também.