Quando se precisa de um bom death metal, assim só, e quando não há necessidade… Quiçá até falte pachorra para surpresas e inovações e essas coisas todas que por vezes olhamos primeiro para avaliar a qualidade de alguma coisa… Vai-se ali a Nova Iorque, que os seus pesos mais pesados são com quem podemos contar, mesmo depois de já se terem mudado para outro sítio. Os Incantation andam a fazer isto há mais de trinta anos, assiduamente, chegando agora à dúzia de álbuns e ainda sem nos conseguirem explicar muito bem como é que ainda têm a genica para fazer um estardalhaço de disco como este.

Mandam-nos um “Unholy Deification” tão simples, tão “exactamente como diz no rótulo,” tão habitual na cavernosa música do quarteto… E nós só queremos enviar de volta algum cestinho de fruta como agradecimento. Se for podre, é só para ser temático. Também o death metal aqui praticado é do mais pútrido que manda a lei. Com aquela segurança que ainda não lhe corta o perigo, enquanto os riffs tiverem este peso todo. A oscilação de velocidades que surpreenderá só quem ainda não os conhece, ou a alguém chamado Autopsy, mantém-se, mesmo que este até seja dos seus álbuns mais velozes. E que continua a defender a ideia do “menos é mais.” Podiam baralhar-nos com riffs cheios de técnica, – não é por não saberem – mas preferem baralhar-nos só com a numeração desordenada dos temas. De resto, é riff para a porrada e siga.

Não deixa de haver qualquer coisinha de “mais” como quem reconhece que o já aceite rótulo de “dissonant death metal” está aí e a desfrutar de uma moda. À qual não pertencem, mas que não deixam de saber fazer umas cenas. E o que podia ser apenas um álbum brutal para se ouvir quando é preciso um peso denso como este, afinal revela nuances a cada vez que o voltamos a ouvir. Chamemos-lhe de death metal cavernoso e monstruoso e usemos esses rigorosos adjectivos para uma analogia. “Unholy Deification” é um monstro que espreita, já medonho, à entrada de uma escura e apertada caverna que, ao sair, revela-se ainda maior e mais assustador que o que parecia inicialmente. Dá para definir a música deste disco e dos Incantation no geral. E até pode ser ali aquele bicharoco da capa.