O que é que falta no panorama pesado português? Praticamente nada, felizmente. Fosse o cofre do país tão rico como o seu underground. Mas ainda assim há uns bons espaços com menos representação, que deem para preencher. O black metal está representadíssimo por cá, com grandes blasfemadores a produzir clássicos que não ficam a dever aos senhores de terras lá de cima. Então e há lugar para os Spellsword? Há lugar para este “Night of the Grail?” Agora é que há!

Felizmente, existem imensas vertentes do black metal e a dos Spellsword ainda não é tão concorrida e ajuda este disco de estreia a soar tão fresco. Pinta o seu black metal com outro tom. Sem alarmes, continua bem negrinho. Mas sai da catacumba e volta a sua atenção da blasfémia para o épico. Com tudo no sítio para continuar a soar geladinho e cortante, a cada malha procuram reclamar algum medalhão que os torne os principais representantes do black metal melódico aqui por terras lusitanas. É um álbum que toma riscos sem uma procura forçada de reinventar rodas que não precisam. E que, com todo o seu conceito medieval, lá achou aquela brilhante fórmula de tornar influências Suecas tão Portuguesas.

Na verdade, toda a banda, todo o projecto Spellsword, fazem parte do imaginário de Alex Mendes, longe de ser um novato na cena e já com experiência em decorar o black metal com enfeites sinfónicos e progressivos de bom gosto, com nomes soantes como Antichthon ou Existence:Void. Tem mais um veículo promissor em Spellsword, projecto bem assente no black melódico que, sim, pode dizer-se que seja da marca Dissection, que deixa que se assente um ambiente para que também haja algo do black metal atmosférico da marca Nordicwinter e acabe a ser tão ou mais épico que alguns gigantes como uns Borknagar – não se deixem surpreender muito com a entrada da voz limpa, que vai directa ao power metal épico. Lá está, sem medos. E, mesmo sem retirar qualquer intensidade ao género… Até acaba por ser um disco bastante acolhedor e motivador.