Que o povo não se tenha esquecido dos Apotheus desde o lançamento de “The Far Star” em 2019. Não há razões para isso, mas para ter a certeza que o lugar reservado para os Apotheus no panorama pesado nacional se mantém. E cada vez mais evoluído. Parte do ponto onde ficou, mais melódico ainda que o seu antecessor e talvez mais atmosférico, deixando-se envolver no seu conceito para serem das bandas pesadas progressivas que mais atenção chamem a si.

A estória que se conta em “Ergo Atlas” também continua a de “The Far Star” e a ficção científica continua a ser o seu diapasão. Um futuro distópico, em convivência maquinal e com inteligência artificial, sobre o encontro entre povos, adaptação e necessidade de união. Um tal futuro que, em teoria, devia ser “daqui a uns milhares de anos” mas cada vez mais nos parece ser mais “daqui a uns quatro ou cinco.” Para nos acalmar desse pânico, a música dos Apotheus ajuda. Há realmente algo de relaxante nas suas atmosferas, mesmo que não possamos baixar totalmente a guarda. “Ergo Atlas” é bastante pesado, especialmente quando carrega no groove dos riffs. Aparentando ser realmente mais melódico que o seu anterior, tem uma aposta maior nas vozes limpas, sem deixar a agressividade de lado.

O death melódico continua a fazer parte do ADN, o convívio entre a faceta pesada e a melódica traz muito de Opeth, – especialmente numa “Firewall” – buscam uma melancolia à Katatonia e não dispensam uma influência mais compacta de Meshuggah em alguns dos seus riffs mais violentos. Que disco tão Sueco este, vindo de Paços de Ferreira. Mas muito Apotheus, algo que já podemos dizer com felicidade. O peso de “Shape and Geometry” é claramente da mesma marca do quase desesperado apelo da baladeira “Alphae’s Sons,” mesmo sendo tão diferentes. Um registo a pedir as múltiplas audições e a deixar-nos curiosos para a continuação da história. Do conceito que os acompanha e da própria banda.