Não estão mortos, não. E a forma de o demonstrar tinha que ser tão vil como os próprios são. Deixando sofisticações de lado, não há cá disso. “Sophistication Is Obsolete.” Amortecer a força da patada nos dentes que este disco é, de início ao fim, também é. Os Namek não pedem licença, mesmo que até estivéssemos à espera deles.

Tudo se explica sozinho num álbum desta categoria, quando sabemos que a enxurrada que vem é de grind, bem recheado de death, de crítica aguda, de assuntos sérios mas com a mesma dose de humor e javardeira para que se instale a festa no meio do caos. Um agradável exercício de nostalgia para quem tanto recorda os velhos “Apanhados da TVI” e outros clássicos populares portugueses com um belo leque de personagens a desfilar em samples encontrados ao longo dos temas. Entre eles? Malhas com a força e velocidade toda. Riffs de partir pescoços e voz gutural, da parte brutal death da equação, com uma garganta tão cheia de bílis quanto a língua está afiada. Há temas mais prolongados, mas também o típico estouro de segundos. “Isto é um pandemónio,” bem diz o cavalheiro no final da malha de seis segundos ainda perto da abertura.

Duro quanto é, – e não foi a vossa banda favorita de death metal técnico que fez a “Necrocacophonous Scouser Abuse,” foram mesmo os Namek – é mesmo um álbum de descontracção. Porque concordamos com João César Monteiro no que às más línguas diz respeito e também bem sabemos que, depois de um longo dia de trabalho, de “dai mais uma, dai mais duas,” onde realmente está o dinheiro. Não são referências soltas, é mesmo do que há ao longo deste tresloucado disco que, na sua essência, de deathgrind que quer criticar a sociedade mas também gosta de apatetar, até está bastante simples e directo. Como se quer. Não recomendável a “Sensitive Inbreds in Command,” mas é a todos os restantes que gostarem de um bom estardalhaço.