Chelsea Wolfe

She Reaches Out to She Reaches Out to She
2024 | Loma Vista Recordings | Industrial, Darkwave, Trip hop, Electrónica

Partilha com os teus amigos

Varia de fã para fã mas, mesmo assim, é difícil. Qual é o pico discográfico de Chelsea Wolfe, qual o seu melhor trabalho? A dificuldade em inseri-la numa cena em concreto também não ajuda, que quando parece que já lhe descobrimos as facetas todas, a camaleónica desencanta mais uma. Volta a fazê-lo em “She Reaches Out to She Reaches Out to She.” Que vem seguir o quê? Uma fase em que editou um disco de folk puro, juntou-se aos Converge e integrou a banda sonora do filme “X.” Como raio se segue isso?

A Sra. Wolfe sabe. Com nova abordagem sonora, voltando-se para as camadas electrónicas e a tratá-las de uma forma que soe tão a Chelsea Wolfe, ao ponto de identificarmos logo que esta é a mesma pessoa que fez o pesadão “Abyss.” Pegando no industrial que sempre fez parte das suas preferências, podia apenas invocar o seu Trent Reznor interior, – e fá-lo – mas dá-lhe um tratamento demasiado próprio. “Whispers in the Echo Chamber” logo a abrir traz muito Portishead para nos prender a atenção para o que venha. E vem um disco de darkwave muito eclético, que traz tanto do inevitável lado gótico como de trip hop. Há realmente batidas que lembrem o imaginário de Tricky, uma melancolia à Radiohead e canções como “Everything Turns Blue” que, pela escuridão meia upbeat, devem habitar o mesmo bairro dos Depeche Mode. E tudo tem o ADN inconfundível da menina que fez os tão díspares “Pain Is Beauty” e “Hiss Spun,” só uns aninhos mais madura.

A forma como a ruidosa “Eyes Like Nightshade,” a suave mas alarmante “Salt,” talvez a mais bela canção que os Massive Attack nunca chegaram a fazer, e a sufocante e cinemática “Unseen World” estão seguidas no alinhamento, representa bem o disco e a carreira de Chelsea Wolfe. A sua adaptação, a forma como consegue fazer coisas tão diferentes de disco para disco. E dentro do álbum que tenha a sua identidade e fio condutor contínuo, consegue ter tanta coisa diferente na mesma. É criatividade e é cada vez mais sinónimo de Chelsea Wolfe. Novamente a expor as suas mais profundas emoções e a permitir-nos partilhá-las, assina mais um registo com pouco espaço para dúvidas sobre quem será a melhor cantautora por aí. É o seu melhor álbum, ou dos seus melhores? Lá está… Não fazemos ideia!

Músicas em destaque:

Whispers in the Echo Chamber, House of Self-Undoing, Eyes Like Nightshade

És capaz de gostar também de:

Emma Ruth Rundle, King Woman, GGGOLDDDD


sobre o autor

Christopher Monteiro

Partilha com os teus amigos