The Obsessed

Gilded Sorrow
2024 | Ripple Music | Doom metal

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Scott “Wino” Weinrich. Invocando a lenda já está o disco explicado. Que, entre uns superiores a outros, tem uma discografia consistente sem pontos fracos. E isso englobando a catrafada de bandas que já teve. Os The Obsessed serão o seu primogénito. Com poucas edições a enganar, já têm demos desde 1980 e actividade desde bem antes disso. É, brincava ao doom antes de tal estar definido e, através do gene Sabbath, tornou-se o pai disso. E influenciou bandas lendárias como… os Saint Vitus, nadinha estranhos a ele. Mas para quê uma biografia, ainda por cima já tão desnecessária, para introduzir o novo “Gilded Sorrow”?

Não se justifica muito mas compreende-se. “Gilded Sorrow” é disco à antiga e, dentro do doom de variados pesos, percorre todas as influências de Wino e de tudo que ajudou a criar. É doom metal de raíz, que não se dá ao trabalho de contornar a referência Black Sabbath porque nem vale a pena, mais vale espalhá-la logo em “Daughter of an Echo” e “It’s Not OK” para sermos devidamente cumprimentados à chegada. Também vai ao mais tradicional ainda, ao hard rock, ao mais sulista, à sleaze biker, ao heavy tradicional. Também tem umas melodias surpreendentemente acessíveis em “Jailine” e, não fosse a contenção na densidade do riff, e a faixa-título era tão ou mais enevoada que os temas mais pesadões dos stoners contemporâneos. É realmente nos riffs que mais varia o peso e onde melhor se detecta a oscilação entre referências, num equilíbrio entre o rock e doom metal pesadão. Se umas vezes é mais hard rock, há peso suficiente concentrado na “Stoned Back to the Bomb Age” e em “Wellspring” para não parecer engano.

No geral, é um disco breve, que não cola imediatamente e que até tem suficiente auto-consciência para reconhecer que não será este o mais surpreendente álbum de The Obsessed, não será o seu mais influente e, mais objectivamente, anda pelo satisfatório. Mas é uma obra de Wino e à Wino portanto todos os fãs de hard rock, de heavy/doom tradicional ou de metal mais extremo, desde o stoner de olhos mais vermelhos ao motard com o colete a tresandar mais à cerveja: mesmo com alguma possível dificuldade em manter o equilíbrio, dependendo do estado inebriado, “Gilded Sorrow” é disco para ser, pelo menos, recebido de pé. Por respeito. Depois disso então, já se podem deitar à vontade a absorver os riffs. Como o costume.

Músicas em destaque:

It’s Not OK, Stoned Back to the Bomb Age, Wellspring

És capaz de gostar também de:

Saint Vitus, Trouble, Black Sabbath


sobre o autor

Christopher Monteiro

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