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Já foi há quase cinquenta anos que o lendário Steve Hackett se aventurou a solo com o clássico progressivo “Voyage of the Acolyte” e um parzinho de anos menos desde que abandonou os Genesis. Há muito mais de Hackett a solo do que com os Genesis mas a desassociação continua impossível de se fazer. E porque havia de estar, se ele foi uma parte tão integral e fundamental de tudo o que tornou os Genesis tão grandes.
Tudo o que seja progressivo acaba por ter o seu cunho, de uma forma ou outra. “The Circus and the Nightwhale” não é o disco de prog rock genérico: é um direito que tem de retroceder à sua origem, a todas as suas facetas e às improváveis portas que abre a associações exteriores, como se tudo isso fosse dele. Por acaso até nem é esse o conceito do álbum, “The Circus and the Nightwhale” conta aventuras de uma personagem central, misturando o fantasioso com o autobiográfico. Musicalmente também é uma jornada. No tempo quando retrocede à década de 70, na qual se fez famoso, e no espaço com as diferentes influências ambientais, de jazz, de hard rock, ou aquela influência oriental em “Circo Inferno,” tamanha banger de destaque em todo o álbum. Os riffs mais fortes como o de “Breakout,” o acenar aos estádios de “Get Me Out,” a flauta bem à Jethro Tull de “Enter the Ring,” todos aqueles interlúdios ambientais e até a voz de Nad Sylvan, familiar e a lembrar ao que soam muitos vocalistas de bandas neo-prog de adoração aos Yes, podiam indicar um álbum repleto de clichés. E é, mais ou menos. Mas dos exemplares. Tudo junto constitui um dos discos mais eclécticos do percurso mais recente de Hackett.
Steve Hackett quer que acompanhemos o enredo desta estória mas também quer que retrocedamos. Para compreender de onde vêm estas influências e a obrigar-nos a fazer esse aparente frete para muitos: ouvir um disco, na íntegra, de princípio ao fim. E para entender a importância da guitarra, aqui tão central, não fosse ele um dos grandes guitarristas de todos os tempos. Com uma segunda metade bastante recompensadora, “The Circus and the Nightwhale” é um registo teatral que até nos deixa a pensar como seria mais excêntrico ainda se tivesse saído há cinquenta anos atrás e tivesse tido dedo de Peter Gabriel. Pode não ser um clássico, uma obra incontornável do rock progressivo, mas Steve Hackett é. E regista aqui uma performance exímia e, para quem usaremos o muito preciso e rigoroso número de “para-aí-ou-mais” para contar os discos que já editou, a solo e com os Genesis, é incrível como ainda consegue arranjar criatividade para uma obra destas. Se manter-se-á memorável, só o tempo dirá, mas no presente, Steve Hackett faz tanto sentido como fazia em 1975.
Enter the Ring, Circo Inferno, Wherever You Are
Genesis, Yes, Gentle Giant