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Os Crossfaith saberão melhor que ninguém a luta necessária para singrar no panorama musical alternativo e pesado insular. E também são exemplares no que toca a não baixar os braços, trabalhar e conquistar fãs. Com um novo álbum à porta, celebram vinte anos de carreira com um concerto que iniciará uma promissora digressão. O passado, o presente e o futuro. Ninguém melhor do que os próprios Crossfaith para nos esclarecer sobre tudo isso.
Parabéns pelos vinte anos! Como definiriam estas duas décadas de percurso, em termos de balanço de altos e baixos?
Em termos de balanço, realçamos a nossa enorme persistência e dedicação à musica “Made in Azores,” em manter viva a banda, praticando musica rock original, porque nos dias de hoje são poucas as bandas de originais que permanecem no ativo por mais de duas décadas, independentemente do género musical. Como pontos altos realçamos o “Concurso de Música Moderna 2007” onde fomos os vencedores, o “Prémio de Melhor Banda de Rock 2008” atribuído na Gala de Prémios “Música Açores 2008,” o lançamento do nosso primeiro álbum “Mixed Emotional“, segundo lugar no “Concurso Angra Rock 2010”, e a nossa tour de 2012 onde realizámos mais de duas dezenas de espetáculos pelos Açores.
Vinte anos parece que foi ontem, mas já muita coisa mudou. Que principais diferenças apontam ao panorama musical em que se movem, quando começaram e hoje em dia?
Quando iniciámos a banda em 2004 o cenário era bem diferente, no sentido que havia mais oportunidades das bandas de rock atuar ao vivo em eventos, festivais e festas de freguesia, e nos dias de hoje um concerto de rock num festival ou evento é escasso, é como “encontrar uma agulha num palheiro…” (risos) No passado tivemos a “Maratona de Rock” promovida pelo Coliseu Micaelense e CMPDL que reunia quase todos os artistas dos Açores no ativo no mesmo palco e até esse marco histórico apagou-se da nossa cultura. A nível tecnológico, atualmente é muito mais fácil gravar um álbum, ou registo musical e divulgá-lo em plataformas eletrónicas e redes sociais, o que faz com que a divulgação dos trabalhos das bandas cheguem a qualquer parte do mundo.
Olham, com uma motivação diferente, ao facto de serem uma banda já antiga no movimento Açoriano, notável pelo evidente obstáculo geográfico?
Sim, a insularidade é uma barreira que ainda não foi quebrada por completo, o que torna dispendioso atuar no continente…
O que acham que falta para um verdadeiro impulso da música alternativa Açoriana? Veem um projecto como o Museu de Heavy Metal Açoriano como essencial para essa evolução?
Na nossa cultura açoriana falta a abertura de mentes dos promotores e de quem tem os pelouros da cultura, porque ainda existe a discriminação do estilo rock e metal em marcar presença em eventos promovidos pelas autarquias e festivais de Verão. Falta o apoio dessas mesmas entidades e promotores em dar oportunidade às bandas de poderem atuar ao vivo nos seus eventos e demonstrar a musica “Made in Azores” de qualidade que tem sido feita ao longo desses anos.
O MHMA veio renascer o espírito do heavy metal nos Açores, quer por parte do público e bandas, no sentido de impulsionar o aparecimento de novas bandas através das suas iniciativas tais como as coletâneas “Azores & Metal,” e eventos promovidos pelo mesmo, além de toda a divulgação que tem sido feita das bandas de metal dos Açores através dos seus canais de divulgação. Por outro lado o MHMA veio cativar os mídia continentais e amantes do metal em saber mais da história do heavy metal dos Açores, porque vivemos nas “ilhas de bruma,” consideradas por muitos uma fonte inspiratória de metal.
Com o concerto de 22 de Março, abrem uma “Tour Crossfaith 20 Anos.” Têm planos ambiciosos para essa tour? Passarão por território continental? E o que antecipam e esperam dessa digressão celebratória?
Sim! O objetivo principal da Tour de 20 anos, é realizar um concerto em todos os concelhos da ilha de S. Miguel e, caso seja possível, correr as restantes ilhas dos Açores e continente.
Aguardamos ainda respostas e confirmações dos locais por onde a banda vai passar nessa tour.
De seguida chegará, finalmente, o novo longa-duração! O que podemos esperar do disco? Vem para encapsular verdadeiramente os vossos vinte anos?
O novo álbum já esta pronto da fase de estúdio e revela uma nova sonoridade da banda, fruto de uma longa aprendizagem de estúdio e da partilha de conhecimentos tornando o nosso som mais inovador e consistente na vertente do hard rock/metal.
Planeiam muitas novidades para quem já vos acompanha e conhece dos palcos e outros registos já lançados?
Temos o novo álbum já gravado na “gaveta,” para ser lançado. Pretendemos lançá-lo no mercado no final de 2024. Caso não seja possível, no início de 2025.
Para o álbum contam com um produtor de renome, associado a grandes nomes da música popular. O que vos levou a essa escolha? Procuram um maior alcance para a vossa música?
O nosso álbum foi captado e gravado nos Açores nos estúdios NeburRecords, pelo Ruben Moniz, um nome conhecido da música açoriana (ex-Shunkstone, ex-A Different Mind). Após o álbum estar gravado e depois de ouvirmos dezenas de vezes achamos que faltava algo e foi aí que optamos por fazer a mixagem e masterização fora dos Açores no sentido de melhorar a sonoridade do mesmo.
Decidimos então trabalhar com um produtor que tivesse outra visão da nossa música, alguém que ouvisse os nossos temas e desse outra roupagem a nível de mixagem e masterização. O Nelson Canoa é um músico multi-instrumentista e produtor de renome nacional com vários trabalhos no mercado. Ele é amigo do nosso teclista Rui Sousa por ter gravado bandas onde o Rui trabalha. Assim sendo, a ponte de ligação foi mais fácil para toda a articulação no processo de masterização. Então para ter a visão do Nelson perante a nossa música, entregamos-lhe todas as nossas sessões de estúdio em Protools, sem plug-ins, e com volumes a zero de forma que fosse ele a quantificar os volumes, efeitos, etc, dos ficheiros de áudio de cada tema.
Quando recebemos o primeiro tema misturado e masterizado, ficámos estupefactos pelo facto de ele ir ao encontro daquilo que pretendíamos, dando o seu cunho pessoal com melhoramentos e ajustes finais a todas as músicas, tornando um produto final de extrema qualidade sonora. O Nelson Canoa, mesmo sem ser um produtor ligado ao heavy metal, realizou para os Crossfaith um trabalho de qualidade tornando a sonoridade da banda mais coesa e consistente.
Por exemplo, em Portugal atualmente vive o grande produtor Jaime Gomez Arellano, que deslocou o seu estúdio “Orgone Studios” e “Arda Recorders” para a cidade do Porto e, apesar de ser um produtor de grandes nomes internacionais do metal tais como Paradise Lost ou Moonspell, tem trabalhado com “nadas” de pop e rock nacional. Ou seja, não é o estilo musical que vai definir se o produtor é bom ou não, mas sim a sua capacidade de trabalhar com vários géneros musicais em estúdio.
E com vinte anos já cumpridos… O que têm ainda a cumprir para os próximos vinte?
A banda, para os próximos vinte anos, promete estar ativa enquanto houver forças e dedicação de todos os elementos em mantê-la no ativo. Pretendemos gravar mais álbuns e videoclips, e divulgar o nosso trabalho além-fronteiras, mostrando que nos Açores existem trabalhos de qualidade equiparáveis a muitas bandas nacionais e internacionais.