Há um novo disco dos Exhorder. O que significa que está aberta a época para achincalhar. A do metenojismo inofensivo e da provocação jocosa. De dizer que há novidades “daqueles que faziam o som dos Pantera melhor que os Pantera.” Claro que é só brincadeira mas “Slaughter in the Vatican” já é clássico. E o regresso já foi feito em 2019 com “Mourn the Southern Skies,” portanto este “Defectum Omnium” já é um seguimento e não o grande regresso. As comparações ainda lá estão?

Estão mas já são mais obsoletas. A acusação também pode ser do lado contrário: os Exhorder é que são um plágio dos Pantera. Na verdade, ambas bandas são amigas e contemporâneas e pode-lhes ser atribuída, em conjunto, a criação e popularização do groove metal. Os Exhorder largaram dois clássicos e desvaneceram-se, enquanto os Pantera ainda continuaram a editar um pouco mais. E “Defectum Omnium” acaba por não soar tão agarrado à sonoridade de “Slaughter in the Vatican.” Nem será só pela influência da inserção do ex-Cannibal Corpse Pat O’Brien, já que a música de “Defectum Omnium” não pende para o death metal. Mas vai mais ao thrash antigo, talvez encontre mais referências nos Slayer, Overkill ou Exodus, do que os colegas que já aqui foram mencionados muitas vezes.

Não deixa de haver groove em todas as canções, em praticamente todos os riffs, mas por vezes lá aparece uma thrashada um pouco diferente como a mais crossover/hardcore “Forever and Beyond Despair,” a trazer uma fúria assim um pouco à Dead Cross. Supera “Mourn the Southern Skies” na medida em que esse parecia mesmo querer recriar antigas glórias, enquanto “Defectum Omnium” aceita outras direcções por onde ir e parece consciente de que os Exhorder de 2024 não têm que ser exactamente os mesmos de 1990. Uma thrashada à antiga em “Divide and Conquer” e algo mais melódico assim mais à Machine Head em “The Tale of Unsound Minds” ou “Taken by Flames” já servem de exemplo do ecletismo que procuram dentro do thrash/groove. É arriscado. Com praticamente uma hora de duração, pode disparar em demasiadas direcções diferentes, mas lá tem as suas malhas de destaque e acaba por encontrar mais coesão com audições repetidas. Talvez abra portas para potenciais novos futuros para os Exhorder, ou talvez feche o livro de vez. Ficamos para ver e tentamos afastar-nos das comparações. Até porque não temos grande ideia de como poderiam soar os Pantera se estivessem activos hoje em dia.