Uma questão que se pode colocar antes de fazer tocar o novo “Profane Prayer” dos gregos Suicidal Angels é até onde se pode ser criativo com o limitado thrash sem inventar demasiado. Já muitas bandas o fizeram e nem precisamos de ir aos mais longos caminhos de uns Dark Angel ou Voivod. Mas nem é o que se associa a esta força que são os Suicidal Angels. Fiáveis no que diz respeito ao thrash como manda o livro.

E nem por isso se ficam pelo genérico. O segredo é esse e a dificuldade é atingir mesmo isso. A tal questão que introduziu este textinho. “Profane Prayer” tem as suas maiores deambulações para o lado progressivo e as surpreendentes “Deathstalker” e “The Fire Paths of Fate” nem por isso esticam os níveis da sua própria complexidade. Afinal de contas, influências progressivas já se notam num “…And Justice for All” e não consta que esse clássico disco tenha sido assinado pelos músicos mais técnicos. São duas faixas que exemplificam uma maior submissão a um lado mais melódico, sim, mas simplesmente ao deixar entrar o clássico. Como quem diz que, seja tradicionalista, ou thrasheiro, ou outra coisa qualquer, todo o abanador-de-cabeça cresceu a ouvir Iron Maiden.

E isso pelo meio de simples faixas velozes de riff rápido, descarga directa, poeira levantada em apoteose no meio da pit. “Purified by Fire” é exemplar. Mas é de lembrar que o disco também foi introduzido pelo riff tão melodeath, tão Sueco, tão quase-metalcore-de-raíz de “When the Lions Die,” um falso alarme de mudança de rota sonora para os Suicidal Angels. Não chega a isso, é thrash para quem gosta dele simples, e com uns desafios para quem ache o thrash demasiado simples. E com um estouro rápido como “Virtues of Destruction” para o amigo fã de crossover que se recusa a tirar o boné e a camisa dos Suicidal Tendencies, nem que seja só para uma lavadela. A resposta à questão introdutória é este “Profane Prayer.”