Não temos acesso ao livrete que acompanhe a versão física da surpresa que é este “Black Metal Cult” da entidade Francesa da mais crua música extrema que é o projecto Mütiilation. Não sabemos se há outro acesso de raiva explicado como foi com o regresso de “Black Millenium (Grimly Reborn)” com o qual se ressuscitou pela necessidade de salvar o black metal, como afirmou sentir necessário.

Mas soa a isso. E o tempo que passou entre o último registo e esta novidade é muito maior, o próprio já voltou a afirmar que “Mütiilation” estava morto e… Foi há um mês que, sem grandes rodeios, anunciou que afinal tinha um disco novo. Assim, a sangue frio. Não nos disse que vinha salvar o black metal das garras gananciosas de poseurs mas para quem vibre bastante com a música extrema mais voltada para esses frios lados, soa exactamente a isso. Fez quantas mudanças queriam que fizesse: absolutamente nenhumas. Até o título simples tem que ser intencional. A música, por entre toda a podridão e fuzz, podia ser qualquer um dos registos anteriores e bem sabemos que é isso que ele nos quer dizer: black metal é assim e mais nada.

Discordando dessa limitação a um subgénero que se veio a mostrar afinal tão criativo, independentemente de quantos narizes torcidos isso tenha custado, temos que dar crédito à sua capacidade de criar black metal cru e de reaparecer assim, mais de quinze anos depois, como se nunca estivesse estado fora – e Meyhna’ch, o tresloucado cérebro por trás do projecto, não esteve afastado da música. Será sempre um estilo odioso nascido em controvérsia daí que as letras mais embaraçosas a atacar a internet e o remexer em sensibilidades maiores com uma faixa crítica intitulada “The Fall of Islam” sejam provocações já de pouco efeito mas que não podiam ficar de fora em qualquer coisa assinada pelo frustrado músico que já se “matou” da indústria com asco à cena em que se movia e se “ressuscitou” pelas mesmas razões. Fica uma risada de boas-vindas ao velho que ficou mais rezingão, uma admissão de que realmente faz isto do “trve black metal” muito bem, uns headbangs àquela passada da “Hominicide” e o reconhecimento quando até aparecem melodias! Por cá não somos tão redutores, mas se quiserem considerar este “Black Metal Cult” um simples disco de black metal “como deve ser,” com certeza não será ele quem vai levar isso a mal.