“Rampen: apm (alien pop music)” é um titulo curioso, não fosse toda a obra dos aclamados Einstürzende Neubauten classificável dessa forma. Com mais um disco em que temos o gosto de partilhar o peculiar ponto de vista de Blixa Bargeld sobre o mundo, ali numa linha entre o optimista e o pessimista que nem sabíamos que era tão fininha e frágil, temos um título que… Será que é mesmo esse rótulo que podemos atribuir à lendária banda Alemã?

“Alien pop music.” Sempre houve ali algo além do meramente humano, um bizarro que não identificamos logo, que realmente podemos considerar como algo alienígena. E “pop music” quando bem sabemos onde anda realmente a acessibilidade da música desta entidade? E porque não? Não deixa de haver um sentido apurado para a melodia, mesmo que não seja da forma mais ortodoxa. Como tão multi-facetados que são, pelo menos este “Rampen” pode ser um brilhante disco de “alien pop music.” De identidade inconfundível e com tanto do que fez “Silence Is Sexy” um clássico do virar do século.

O falso minimalismo volta a dominar as quinze faixas deste longo álbum que deixa tomar a aparência de simples, mantendo-se desafiante. Mas superando os seus próprios desafios como logo o primeiro: a sua longa duração de 75 minutos. De espantar qualquer um, não fosse isto prender-nos mesmo até ao fim. Com a voz de Bargeld a dominar sobre batidas mais discretas e o que podia ser um frenesim industrial que nunca chega a rebentar. Mas também é lá que se escondem muitos encantos, cada nova camada que se descobre a cada vez que vamos recordar estes temas repetitivos e hipnotizantes que se entranharam no nosso miolo sem nos apercebermos. “Everything Will Be Fine,” canta-nos ele e nós acreditamos, tanto por haver algo de reconfortante nesta “alien pop music” como de ameaçador. Um relaxamento muito inquietante que nos deixa maravilhados. Felizmente, é bem mais fácil ouvir os Einstürzende Neubauten do que descrevê-los de forma concisa.