Peste Negra

Parasita
2024 | Independente | Deathgrind

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Quem não terá cruzado caminho com a destruição proporcionada pela castanhada dos Peste Negra e parta do primeiro julgamento visual deste “Parasita,” tem tarefa bastante simplificada. Já fica com uma ideia para o que vai e quem não será poupado ou dado a facilitismos será o pobre do pescoço. Confirma-se logo quando “A Arte da Morte” entra. Riffalhões que trazem odores e uma força de besta.

De duvidar que alguém olhe para este “Parasita” e espere alguma espécie de floreado ou qualquer tipo de embelezamento. E ao vermos que existe aqui um poema intitulado “Puta Gorda” já não sobra espaço para dúvidas de que isto não é banda para tocar num casamento – apesar de ser uma ideia que até tenha a sua graça. Contudo também não é uma banda gozona de patetice à Comme Restus ou um grind de boia e bola insuflável na pit. A língua é afiada mas também se volta para assuntos sérios, para sensibilidades políticas e agita umas águas mais paradas. É assente em alicerces de um deathgrind porco e já de uma velha escola, mas capaz de ir muito ao death metal original, à selvajaria do thrash e à malícia do black metal. O esgar humorístico contraditoriamente aliado à má disposição, com este peso todo, acaba por tornar os Peste Negra uma peça interessante que se recomende a fãs de actos como uns Pungent Stench ou uns já saudosos Death Breath.

Uma descarga muito breve e pouquíssimo importada com modas, que promete um futuro risonho para os Peste Negra, se a fonte dos riffs não esgotar. Enquanto houver uma “Religião de Merda” – que serão todas, não é? – e outros estorvos na vida, há espaço para os Peste Negra debitar peso sem rodeios e invenções. Em termos de surpresas, talvez não estejam à espera do groove todo que a faixa-título traga ali ao fim, mas “Parasita” é exactamente aquilo que quem precisa de um bom death metal demoníaco e não higienizado encomendou.

Músicas em destaque:

A Arte da Morte, Máscara Capitalista, Parasita

És capaz de gostar também de:

Dementia 13, Pungent Stench, Genocide


sobre o autor

Christopher Monteiro

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