Apocalyptica

Plays Metallica, Vol. 2
2024 | BMG Rights Management | Metal sinfónico

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Muito regresso às origens têm feito estes Finlandeses que puseram muita canalha a pedir aos pais para lhes pagar aulas de violoncelo ao verem as coisas que dava para fazer com aquilo. Deixaram-se engolir pelas canções acessíveis com voz, que acabaram por tornar-se um acto insosso de hard rock sobreproduzido do qual mal se destacavam os ditos instrumentos clássicos. “Cell-0” de 2020 voltou aos básicos e agora retornam aos básicos dos básicos. Tocar Metallica que nem a banda de liceu que com certeza foram.

Precisamente na altura em que “Plays Metallica by Four Cellos,” álbum de estreia dos Apocalyptica, celebra já 28 anos, lá decidem um sucessor. Nostalgia ou falta de ideias, vocês decidem. O certo é que já não são os mesmos daqueles tempos, com versões minimalistas, apenas com violoncelos e sem percussão, de produção mais amadora. Estes Apocalyptica mais grandiosos até podiam regravar as mesmas canções com novas roupagens. Mas optam por outros clássicos. Tem a “St. Anger!” E mais um alinhamento que desperta a curiosidade, mesmo notando que não existem muitas mais canções do repertório dos Metallica que tenham saído depois dessa estreia. Algumas são um pouco de esperar, vemo-las como adaptáveis à visão dos Apocalyptica, como “Ride the Lightning” ou a já instrumental “The Call of Ktulu.” Mas há umas surpresas como “The Unforgiven II” ou “Holier Than Thou.” E a “St. Anger,” caramba!

O resultado tem a sua graça mas não se eleva muito mais além disso. Já soa muito produzido para realmente se aproximar das suas origens e a curiosidade de ouvir a selecção nova não substitui os velhos hábitos de ir ouvir aquela “Enter Sandman” da estreia ou cantar a “Seek & Destroy” e a “Nothing Else Matters” nos concertos. Aqui tomam mais liberdades em adaptar as estruturas das canções e encurtá-las, brincando um pouco, como ao trazer realmente o riff da “Enter Sandman” para a “Holier Than Thou.” E aquela hilariante batida na “St. Anger,” como não podia deixar de ser. Cumpre sem deslumbrar, e o que parecia que realmente podia ser o mais interessante daqui, que é a participação do próprio James Hetfield em “One,” revela-se do pior: afinal é em spoken word e James vem recitar a letra da música e fazer a música parecer mais uma versão William Shatner, e a obrigar-nos a procurar a versão instrumental. O típico disco “engraçadito” que dá para rodar de vez em quando, que quase devolve os Apocalyptica ao estatuto de “novelty” e é uma celebração deles próprios para eles próprios. Não há algo de errado com isso. E muito menos com ter os tomates para fazer a “St. Anger.

Músicas em destaque:

Ride the Lightning, St. Anger, The Call of Ktulu

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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