High on Fire

Cometh the Storm
2024 | MNRK Heavy | Sludge/stoner metal

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Sente-se a falta dos High on Fire quando a espera é maior, isso sente-se. Mas Matt Pike é demasiado irrequieto para nos deixar a pensar o que andará a fazer. Anda por aí a debitar riffs. Quer pela estrada fora com os Sleep, como a apresentar-nos o novo projecto Pike vs. the Automaton. Um currículo que até nos faz ver se o nome do meio do cavalheiro não será “riff.” E adivinhem lá o que abunda em “Cometh the Storm.

Órgãos internos vão tremer, Matt Pike e os renovados High on Fire vão trazer riffs. Com um peso e uma energia capaz de acordar qualquer um que se permita aborrecer com muito do que vem do stoner. Riffs de quem gosta de Black Sabbath e dos clássicos do doom, mas também gosta de imundice e de criaturas de outras dimensões. E de outras coisas mais pesadonas como Celtic Frost, para justificar tanta distorção. As boas-vindas de “Lambspread” são como esperávamos e queríamos: com tanto peso que nem parece que já ganharam um Grammy. E já apertamos o cinto porque a viagem pelo deserto vai ser tremenda, assim simples, assim à High on Fire, e damo-nos por contentes por isso. E afinal não se fica por este deserto, há surpresas, há experiências e também nos levam aos desertos do Médio Oriente.

Não quer isso agora dizer que viraram uns Orphaned Land versão stoner, ou que soe – cruzes! – aos Myrath. Nem corta qualquer peso, apenas ajuda a passagens ambientais e até serve um belíssimo interlúdio separador com “Karanlik Yol.” Mais um ingrediente para a receita de algo que até devia ser tão simples. Para uma banda tão straightforward e adoradora do riff, até que há muito a contar na sua música: não são stoner convencional, mas a abertura de uma “Burning Down” até é bastante Kyuss; não precisa de se detectar muito hardcore para ter dos riffs mais sludge; mas tem imenso punk, tanto do puro, como do transitório, à Motörhead, que aquela “The Beating” quase que nos podia enganar; e como eles são humanos, também adoram Black Sabbath e o altar doom que lhes constroem fecha o álbum em “Darker Fleece.” São novamente os High on Fire muito completos e inconfundíveis, a recuperar uma pica de há anos atrás. E a integrar Coady Willis (Big Business, Melvins) na bateria, não só para cumprir mas também para se destacar. Talvez a sua melhor proposta desde o “Snakes for the Divine,” numa discografia já bastante consistente.

Músicas em destaque:

Lambsbread, Cometh the Storm, Darker Fleece

És capaz de gostar também de:

Sleep, YOB, Black Tusk


sobre o autor

Christopher Monteiro

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